Sim,
na realidade é o mesmo Brian Eno dos Roxy Music (“Roxy Music”, 1972; “For Your Pleasure”,
1973).
O
mesmo de “Taking Tiger Mountain (By Strategy)” (1974), “Another Green Day”
(1975), “Before and After Science” (1977); “Fourth World Vol. 1 Possible Musics”
(com Jon Hassell) (1980).
Aquele
do “Remain In Light” dos Talking Heads (1980) e do “My Life In A Bush of Ghosts”
(com David Byrne) (1981).
Sim,
tal e qual, o de “Another Day On Earth” (2005) ou do sêxtuplo álbum “Music For
Installations” (2018).
Brian
Eno tem 74 anos e diz ter agora a voz mais grave e que deseja adaptá-la às sonoridades
paisagísticas abstractamente urbanas que cria e nas quais vem sempre mergulhando.
Não fica parado. Nunca. Segue em frente e coloca a tal voz mais grave ao
serviço das personagens humanas (ou sombras humanas) que vai colocando, aqui e
ali, nestas dez faixas. A poesia é humana, por definição romântica. E este
disco é romântico e poético. A meio caminho aquático do que aí vem. Igualmente a meio
caminho do álbum pop de 2005 e daqueles ambientais de 2018. Porém mais
cinematográfico, plástico, sincrético. Mais unificador ou ecuménico, outros diriam.
Tanto faz.
«ForeverAndEverNoMore»
lembra-me esse fio de ariadne que, sem termos bem noção da sua direcção, nos agarra na memória musical tão antiga e a projecta no futuro, talvez incerto
ou angustiado, talvez sereno e complacente.
A
música que ouvimos tanto nos forma como nos integra. Há muito que Brian Eno me confirmou tal axioma através da sua teoria dos sons.
jef,
novembro 2022
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