Tomemos as 33 legendas-títulos que, no final, ilustram as
imagens deste senhor livro de capa dura preta e sobrecapa de tonalidades
amora-suave (20,7 x 16 cm). 25 anos depois, visitemos uma suposta guerra-fria
informática que levaria ao colapso do Universo quando fossem dadas as 12
badaladas na transição do milénio. Um perigo iminente observado pela arte gráfica
de André Ruivo como complemento de diversos artigos que o jornal Público publicou
entre fevereiro de 1999 e janeiro de 2000.
33 imagens catalogadas narrativamente pelas citadas
legendas-títulos dos artigos do jornal. Imagens de fundo espesso e monocrático
em certo jeito aterrador, apocalíptico, também político, demoníaco,
expressionista (modo George Grosz). Aqui, a artimanha, o roubo, a fuga e o
desespero final parecem ser os nossos fantasmas mais queridos consubstanciados
em pequenos insectos de três pares de patas e em ácaros ou aracnídeos de mais
algumas patinhas. O Mundo terminava ali!
Porém, 25 anos depois, o célebre “Bug do Milénio” faz-nos rir
comparado com a efervescente e perigosíssima guerra quente mundial que agora assistimos
diariamente.
Os desenhos de André Ruivo, expressando as pobres criaturas
humanas enleadas nos cordéis de marionetas esgrimidas por americanos, russos e
chineses, fazem esmorecer o sorriso inicial. Afinal, o Bug Bélico do Milénio
pode estar bem a acontecer agora mesmo, um quarto de século mais tarde, sem
baratas mas com bombas e drones. Sempre os mesmos protagonistas!
O trabalho que deu origem ao livro pode ser visitado na
exposição patente em Setúbal até ao dia 29 de novembro de 2025, na
Casa Bocage, integrada na Festa da Ilustração 2025 «É Preciso Fazer Um Desenho?».
jef, 22 de novembro 2025








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