segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Sobre o livro «Bug» de André Ruivo, Bedeteca de Lisboa CML/ Imagens de Bolso 02, 2000



 


















































Tomemos as 33 legendas-títulos que, no final, ilustram as imagens deste senhor livro de capa dura preta e sobrecapa de tonalidades amora-suave (20,7 x 16 cm). 25 anos depois, visitemos uma suposta guerra-fria informática que levaria ao colapso do Universo quando fossem dadas as 12 badaladas na transição do milénio. Um perigo iminente observado pela arte gráfica de André Ruivo como complemento de diversos artigos que o jornal Público publicou entre fevereiro de 1999 e janeiro de 2000.

33 imagens catalogadas narrativamente pelas citadas legendas-títulos dos artigos do jornal. Imagens de fundo espesso e monocrático em certo jeito aterrador, apocalíptico, também político, demoníaco, expressionista (modo George Grosz). Aqui, a artimanha, o roubo, a fuga e o desespero final parecem ser os nossos fantasmas mais queridos consubstanciados em pequenos insectos de três pares de patas e em ácaros ou aracnídeos de mais algumas patinhas. O Mundo terminava ali!

Porém, 25 anos depois, o célebre “Bug do Milénio” faz-nos rir comparado com a efervescente e perigosíssima guerra quente mundial que agora assistimos diariamente.

Os desenhos de André Ruivo, expressando as pobres criaturas humanas enleadas nos cordéis de marionetas esgrimidas por americanos, russos e chineses, fazem esmorecer o sorriso inicial. Afinal, o Bug Bélico do Milénio pode estar bem a acontecer agora mesmo, um quarto de século mais tarde, sem baratas mas com bombas e drones. Sempre os mesmos protagonistas!

O trabalho que deu origem ao livro pode ser visitado na exposição patente em Setúbal até ao dia 29 de novembro de 2025, na Casa Bocage, integrada na Festa da Ilustração 2025 «É Preciso Fazer Um Desenho?».


jef, 22 de novembro 2025

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