Pode não ser o melhor filme actualmente em exibição, mas que
o mestre Stephen Frears («A Minha Bela Lavandaria» 1985, «Ligações Perigosas»
1988, «Anatomia de Um Golpe» 1990, «Estranhos de Passagem» 2002, «A Rainha»
2006) resolve a coisa na perfeição, lá
isso resolve!
Podia até ser o filme musical mais dissonante de sempre (não
fosse a banda sonora de Alexandre Desplat), mas a diva Meryl Streep, sempre
atraída por musicais («Prairie Home Companion» 2006, «Mamma Mia!» 2008, «Ricki
and the Flash – de Volta a Casa», 2015), tudo interpreta com a maior distinção.
Stephen Frears entrega-lhe fielmente a difícil tarefa do
burlesco e da desafinação luxuriante. Ela deve cantar mesmo muito mal (e todos
sabemos como a actriz canta afinado) e produzir o melhor palhaço. E nesse
papel Meryl Streep é, sem qualquer dúvida, única!
O realizador deixa, depois, a Hugh Grant (St. Clair Bayfield,
o marido e primeiro facilitador) e Simon Helberg (Cosmé McMoon, o pianista e
segundo facilitador) o papel de transmitir ao mundo musical abstracto de Florence
Foster Jenkins a necessária boa disposição emocional. E eles também se saem bastante
bem.
Sem falar da fotografia, do guarda-roupa, dos décors das salas de
espectáculo e restaurantes, dos carros, dos acessórios, das cores de um mundo
que de comédia «gargalhosa» vai sendo transformado em tragédia
contemplativa.
(E nas mais belas imagens do rosto desfalecido sobre a
almofada de Florence, de crânio coberto pelo turbante, não pude deixar de
recordar a famosa pintura de Jean Louis David «A Morte de Marat» 1793.)
jef, agosto 2016
«Uma Diva Fora de Tom» (Florence
Foster Jenkins) de Stephen Frears. Com Meryl Streep, Hugh Grant,
Simon Helberg, John Kavanagh, Rebecca Ferguson e Nina Arianda. Grã-Bretanha, 2016, Cores, 110 min.
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