O
mais interessante deste filme está patente no magnífico cartaz.
A
imagem de uma tramóia rocambolesca passada nos anos 30, durante a ocupação da
Coreia pelo Japão. Imagens orientais fortes recortadas sobre a luz do luar enevoado ou
das lanternas sombrias. Construídas ao gosto ocidental deslumbrado pelo traço
japonês como sucedia no início do século passado. Belos fatos, belas luvas,
soalhos, jardins de pedras e lagos interiores que escondem caves de acesso interdito
e prazeres inatos.
Quem
trama quem? Quem fala verdade? Quem seduz?
Uma
intriga com gangsters sádicos mas silenciosos e mulheres poderosas, ardilosas,
perspicazes e sedentas. Um triller
executado sobre um intricado enredo em jeito de super-heroínas que derrotam
tios manhosos e larápios sedutores. Cores poderosas, linhas firmes sobre a célebre
arte erótica oriental coleccionada numa biblioteca para leitora ensaiada e
ouvintes excitados.
Mas
o mais interessante do filme é, principalmente, a imagem de comédia lúbrica,
técnica homo-erótica e sadismo aristocrático, meio Arsène Lupin displicente meio
Mandrake galã, que nunca desaparece e até se intensifica nas penúltimas cenas. Enquanto se inalam cigarros embebidos em mercúrio e os dedos são guilhotinados, o torturado sorrindo para o torturador comenta: «Ao menos morro com o sexo
ileso.»
jef, abril 2017
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