Quando se olha de dentro do carro da
polícia a banda sonora ocupa o espaço de uma cidade toldada pelo ruído, pelo
movimento, pela chuva. Parece ouvir-se um chiar de roda eléctrica sobre os
carris. O silêncio da música instala-se. Estamos isolados do mundo e da
família. Assim como Rosa e Nestor, apanhados pela rede da polícia corrupta, pelo
vício lamacento, pelos 50.000 pesos necessários para uma fiança arrancada
a ferros. A família está separada. Mas a família é o único garante para que a
vida ganhe à sobrevivência. Os filhos humilham-se para que o orgulho vença. Têm
de vencer. Manila não soçobrará. A família é una e indivisível.
Brillante Ma Mendoza faz de novo tese
após «Lola» (2009) e faz parar a angústia e a ansiedade sobre a longa cena em
que Rosa Reyes (Jaclyn Jose) vai empenhar o telemóvel da filha pelos
necessários 4.000 pesos e, finalmente, as lágrimas soltam-se em silêncio. Ela fica
a olhar uma mãe e um pai a fecharem o negócio ambulante com a ajuda dos filhos
crianças.
Finalmente Rosa fará, uma vez mais, reerguer
a família. Mas está sozinha.
Naturalmente Jaclyn Jose recebe em Cannes
(2016) o prémio para melhor actriz principal.
jef,
junho 2017
«Mãe Rosa» (Ma' Rosa) de
Brillante Ma Mendoza. Com Jaclyn Jose, Julio Diaz, Baron Geisler, Jomari
Angeles, Neil Ryan Sese. Filipinas, 2016, Cores, 110 min.
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