Há 15 anos que Tito Paris não gravava um disco de
originais.
Esperámos 15 anos pela voz rouca, suave, terna, que acarinha
antes de cantar. Esperámos mas agora arrecadamos.
Lisboa, porque é difícil pensar na noite lisboeta sem Tito
Paris, Lisboa bem aguardou pela sua forma estranha de colocar, em simultâneo, a
música cabo-verdiana no centro de todas as latitudes crioulas: a morna, o
bolero, a bossa nova, e até aquele «groove» à Manu Dibango («Bô» dançado em
conjunto com Boss AC).
Mas no centro do centro está, para mim, essa faixa, «Resposta
de Segredo cu Mar» de B.Leza, que Tito Paris canta com Bana, uma
morna-fado-canção, onde os arranjos de cordas (Tomás Pimentel) e metais (Yan Mikirtumov)
dão a poética do cançonetismo a um dueto irrepetível.
Se falo no trompetista Tomás Pimentel é com a justiça de sublinhar
anos de trabalho e sensibilidade em redor da música africana (e da outra).
Tomás Pimentel, responsável pelos arranjos de metais e cordas, leva o álbum para
um mundo belo mas estranho, entre o sinfónico e a canção nostálgica («Fado Triste»
de Vitorino).
Quanto mais busca formas de expressar a voz do Mindelo e
da ilha de São Vicente, mais Tito Paris se próxima da tradição. «Ilha na Meio d’Oceano»
tira-nos as dúvidas, «Mim Ê Bô» deixa-nos os pés a trautear o outro como reflexo de nós próprios,
«Santiago Amor» (com Zeca Baleiro e apenas ao som fino do piano) lança-nos à
saudade pura e indizível.
E, tome-se muita atenção, os arranjos base de 12 das 13 canções são do próprio!
O que seria das nossas cidades (e da nossa alma) sem a música de Tito Paris?
E, tome-se muita atenção, os arranjos base de 12 das 13 canções são do próprio!
O que seria das nossas cidades (e da nossa alma) sem a música de Tito Paris?
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