Paterson
mora na cidade de Paterson. Uma espécie de gemulação, tal como os dias que se sucedem
aos dias ao longo da semana. Paterson (Adam Driver) é condutor de autocarros na
carreira 23 e é poeta na terra do poeta do quotidiano William Carlos Williams. Laura
(Golshifteh Farahani) sonha em comprar uma guitarra Arlequin e ser cantora de
country, e faz belíssimos cupcakes. Também pinta. Paterson ama Laura. Laura ama
Paterson. Vivem com Marvin (Nellie), um mimado e ciumento buldogue inglês.
Os
dias correm de segunda a segunda, com o sol a suspender-se sobre o sereno e belíssimo
rosto de Laura, na pausa que a luz exige quando, por exemplo, contemplamos um
quadro de Edward Hopper. Tal como o pintor, Jim Jarmusch sabe como narrar uma
imagem para que ela se mantenha o tempo suficiente e se revele ao nosso olhar.
O olhar de Jarmusch é demorado, requintado, feito de planos aparentemente simples e paralisados
sobre os objectos. Ou sobre as palavras.
Quem
não tiver tempo para contemplar não vá ver o filme! Porque é exactamente o tempo
da poesia que vai sendo escrita sobre o ecrã, ao som da música dos SQÜRL.
O seu autor é Ron Padgett, afinal Paterson que ouve histórias (e vê gémeos) ao
longo das suas viagens. E escreve num caderno secreto.
A
bela tese de Jarmusch é mesmo muito simples e fundamental: a relação entre a rotina e a criação, entre
a ausência de tempo e o tempo que transforma a realidade no seu sucedâneo, a palavra
escrita.
Também
uma comédia muito séria sobre a benevolência que reside no interior do amor e a
resistência que o amor concede à árdua tarefa de viver a gemulação do dia-a-dia
e o dever de ser poeta.
Uma
ode ao hábito atento e à criatividade generosa.
Há
muito que um filme não tocava tanto nessa molécula que sempre anda escondida na
rotina diária do meu caderno secreto.
Nota
final: a cadela Nellie ganhou postumamente
o prémio de representação pelo papel canino do macho Marvin.
jef,
julho 2017
Ainda não vi o filme, mas este comentário é sugestivo, e talvez me converta em espectador do dito.
ResponderEliminarAdorei! Eu adoro ver Adam Driver participando de filmes, sigo muito o trabalho deste ator, sempre me deixa impressionada em cada nova produção. O último que eu vi foi em um dos filmes de comedia mais assistidos chamado Lucky Logan Roubo em Família, na minha opinião, foi um dos melhores filmes de comédia. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção, um filme que se converteu em um dos meus preferidos. Sem dúvida o veria novamente! É uma boa opção para uma tarde de filmes.
ResponderEliminar