Alcantilados vão os becos da cidade.
Sinuosos os desfiladeiros, fragas, janelas, derivando na
verticalidade das cegonhas negras e dos abutres do Egipto.
Águas fundas, finas, pegos e sargetas, ecoando risos ou
gritos de alerta, que as crias são já visíveis no ninho ou jogam à bola, lá
em baixo, pela rua.
Tudo tão perto e intangível como os carrascos que crescem no abismo do xisto ou o feto que se cravou, esporo ainda, no algeroz.
Azulejos ou rochas luzidias. Pensamentos parcos de coisa alguma, sem razão
magmática, mesmo assim, existentes.
O rio anda cravado nessa rua que vai fluindo de degrau em
degrau, afluentes de certa alma, urbana porque anseia o poiso de um voo
cansado, silvestre porque ainda não o encontrou.
jef, setembro 2017
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