Não
fosse interpretado por James Franco e produzido por Gus Van Sant. Não tivesse a realização de Justin
Kelly um fito político, e este filme levaria o epíteto: «Isto mesmo só podia
acontecer na América!!».
Não tivesse a epígrafe: «baseado em factos verídicos».
Michael
Glatze (James Franco) activo militante dos direitos dos homossexuais no bairro
de Castro em São Francisco, após uma crise de ansiedade por medo de doença e
morte súbita, vira-se para Deus. Descobre que Este rejeita a homossexualidade, considerando-a
errada e imoral. Glatze torna-se heterossexual, casa-se com uma devota rapariga
e, como continua a desejar auxiliar os seus semelhantes, funda uma seita
anglicana, com igreja e tudo, para ajudar a levar pelo bom caminho os jovens com
dúvidas sobre a sua sexualidade.
Dito
assim até parece uma comédia, e até o poderia ser caso o filme fosse ficcional. Contudo, a realização é justa tendo o papel de James Franco o condão de expor as
fraquezas de uma concepção do mundo ao sabor das vicissitudes condicionantes
do corpo e da mente sem crucificar, apesar de tudo, o protagonista.
«O
Meu Nome é Michael» é um filme biográfico, conciso, sem grandes voos narrativos,
para não confundir a já perturbada, mas convicta, personalidade em causa, aprofundando
o seu carácter dramático à medida que a espiritualidade, em certo sentido
agressiva, vai ficando espelhada no ecrã. Mérito, acima de tudo, de James
Franco.
Um
filme que vai adensando um determinado «corpo» na em medida que nos tenta demonstrar
que a religiosidade, tal como a sexualidade ou o medo da morte, é também matéria
psicossomática.
jef,
agosto 2017
«O
Meu Nome é Michael» (I Am Michael) de Justin Kelly. Com James Franco, Zachary
Quinto, Emma Roberts, Charlie Carver. EUA, 2017, Cores, 98 min.
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