terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sobre o filme «O Meu Nome é Michael» de Justin Kelly, 2017















Não fosse interpretado por James Franco e produzido por Gus Van Sant.  Não tivesse a realização de Justin Kelly um fito político, e este filme levaria o epíteto: «Isto mesmo só podia acontecer na América!!».
Não tivesse a epígrafe: «baseado em factos verídicos».
Michael Glatze (James Franco) activo militante dos direitos dos homossexuais no bairro de Castro em São Francisco, após uma crise de ansiedade por medo de doença e morte súbita, vira-se para Deus. Descobre que Este rejeita a homossexualidade, considerando-a errada e imoral. Glatze torna-se heterossexual, casa-se com uma devota rapariga e, como continua a desejar auxiliar os seus semelhantes, funda uma seita anglicana, com igreja e tudo, para ajudar a levar pelo bom caminho os jovens com dúvidas sobre a sua sexualidade.
Dito assim até parece uma comédia, e até o poderia ser caso o filme fosse ficcional. Contudo, a realização é justa tendo o papel de James Franco o condão de expor as fraquezas de uma concepção do mundo ao sabor das vicissitudes condicionantes do corpo e da mente sem crucificar, apesar de tudo, o protagonista.
«O Meu Nome é Michael» é um filme biográfico, conciso, sem grandes voos narrativos, para não confundir a já perturbada, mas convicta, personalidade em causa, aprofundando o seu carácter dramático à medida que a espiritualidade, em certo sentido agressiva, vai ficando espelhada no ecrã. Mérito, acima de tudo, de James Franco.
Um filme que vai adensando um determinado «corpo» na em medida que nos tenta demonstrar que a religiosidade, tal como a sexualidade ou o medo da morte, é também matéria psicossomática.

jef, agosto 2017


«O Meu Nome é Michael» (I Am Michael) de Justin Kelly. Com James Franco, Zachary Quinto, Emma Roberts, Charlie Carver. EUA, 2017, Cores, 98 min.

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