Para onde vai a música de dança depois do fim dos LCD Soundsystem?
Felizmente temos um Emotional Haircut. A nona faixa.
Avancemos!
Com que então aquele último, magnético, suado, extraordinário
e extravasante concerto que eles deram a 2 de Abril de 2011 no
Madison Square Garden, por Nova Iorque, não era mesmo o último? Agora um novo
álbum denso, programático, celeste, entre o pós-hipster e o pop-punk?
Em que é
que que ficamos? O fim recomeça algures noutra entidade? Não me parece. O ente
reencarnou em si próprio mais livre, mais
libertador!
Afinal, James Murphy não deprimiu de vez e prosseguiu com a
saga tentando dar a entender para onde a pop electrónica nos vai levar: LCD
Soundsystem (2005), Sound of Silver (2007), This Is Happening (2010)… Agora, American
Dream (2017).
Uma enorme manobra de diversão. Porque este é um disco pop a sério.
À antiga. Quando a música tinha o corpo do futuro. A pop da desistência e da
resistência, da procura e do caminho. Do desamor e do desalinho. Da música e da sua escrita. Do estar certo no
país errado e correr direito pelas linhas tortas. E depois e apesar de tudo,
dançar! Subtil e duro. Obsessivo e lírico. Monolítico e emblemático. Cantante e plural. Tribal e inteligente. Vivo e
infantil. Universal e sinfónico. Ri-se do que lhe ficou para trás mas não desdenha os risos e
as lágrimas que a memória lhe acarreta.
The «Americam Dream»!… but «Make
America Great Again!»
Que grande disco a recordar todos os meus sons mais queridos (Talking
Heads, David Byrne, Brian Eno, Jon Hassell, Joy Divison, Morrissey, U2, Pulp,
The Cure, Beck Hansen… até Portishead ou Young Marble Giants ou Pet Shop Boys ou Depeche Mode…
ou mesmo «Vogue» de Madonna). Até a capa me recorda um dos álbuns da minha eterna
emoção: «Jaurès - Les Marquises», Jacques Brel, 1977.
Disco confuso e esclarecedor que ficará a soar, ou a ressoar,
nos meus tímpanos, no meu córtex, no meu conhecimento, no meu estremecimento, nos
meus passos (de dança). Um dos discos do ano!
jef, setembro 2017
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