quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Sobre o disco «American Dream» de LCD Soundsystem. DFA / Excelsior Equity Management of NY, LLC / Columbia / Sony, 2017

















Para onde vai a música de dança depois do fim dos LCD Soundsystem? Felizmente temos um Emotional Haircut. A nona faixa.
Avancemos!

Com que então aquele último, magnético, suado, extraordinário e extravasante concerto que eles deram a 2 de Abril de 2011 no Madison Square Garden, por Nova Iorque, não era mesmo o último? Agora um novo álbum denso, programático, celeste, entre o pós-hipster e o pop-punk? 

Em que é que que ficamos? O fim recomeça algures noutra entidade? Não me parece. O ente reencarnou em si próprio mais livre, mais libertador!

Afinal, James Murphy não deprimiu de vez e prosseguiu com a saga tentando dar a entender para onde a pop electrónica nos vai levar: LCD Soundsystem (2005), Sound of Silver (2007), This Is Happening (2010)… Agora, American Dream (2017).

Uma enorme manobra de diversão. Porque este é um disco pop a sério. À antiga. Quando a música tinha o corpo do futuro. A pop da desistência e da resistência, da procura e do caminho. Do desamor e do desalinho. Da música e da sua escrita. Do estar certo no país errado e correr direito pelas linhas tortas. E depois e apesar de tudo, dançar! Subtil e duro. Obsessivo e lírico. Monolítico e emblemático. Cantante e plural. Tribal e inteligente. Vivo e infantil. Universal e sinfónico. Ri-se do que lhe ficou para trás mas não desdenha os risos e as lágrimas que a memória lhe acarreta.

The «Americam Dream»!… but «Make America Great Again!»

Que grande disco a recordar todos os meus sons mais queridos (Talking Heads, David Byrne, Brian Eno, Jon Hassell, Joy Divison, Morrissey, U2, Pulp, The Cure, Beck Hansen… até Portishead ou Young Marble Giants ou Pet Shop Boys ou Depeche Mode… ou mesmo «Vogue» de Madonna). Até a capa me recorda um dos álbuns da minha eterna emoção: «Jaurès - Les Marquises», Jacques Brel, 1977.

Disco confuso e esclarecedor que ficará a soar, ou a ressoar, nos meus tímpanos, no meu córtex, no meu conhecimento, no meu estremecimento, nos meus passos (de dança). Um dos discos do ano!


jef, setembro 2017

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