Talvez Laurie Anderson me tenha estado a falar da morte. Sempre. Desde «Walking and Falling» (Big Science, 1982) até «The Beginning of Memory» (Homeland, 2010) ou em «Heart of a Dog» (2015).
«And I looked at them floating
there in the shiny dark water, dissolving.
All the things I had carefully
saved all my life becoming nothing but junk.
All I thought how beautiful
how magic and how catastrophic.»
Em Outubro de 2012, a tempestade Sandy inundou parte de
Manhattan, afogando muitas das memórias, arquivos e projectos que Laurie
Anderson coleccionara na sua casa.
«The water rises / and
overflows / the city drowns / the full moon / a freak spring tide.»
Em 2013, a tempestade e os sonhos, a voz, o violino, a
percussão, os sintetizadores da artista, reuniram-se ao som do Kronos Quartet
para idealizar, compor, revisitar e apresentar «Lanfall». Diria que é uma
longuíssima jornada, bela e melancólica, sobre a partida e a perda, a queda e o
ver partir.
Como reter na memória o inexorável se o sonho é como uma
falácia para que o subconsciente guarde o que não existe mais, para nos manter
alegres dentro da mentira onírica?
«Don’t you hate it when people
tell you their dreams? (…)
«Please don’t tell me your
dream!»
Nunca se sabe bem qual o lado do meu sonho que Laurie
Anderson me está a tentar desvendar, porque sempre que a oiço contar uma
história sobre a Morte não consigo deixar de pensar que é uma história calma e
nostálgica que eu já assisti bem no fundo do meu corpo. Laurie Anderson revela
para pacificar e conduz-nos pelo percurso algo romântico da aceitação.
«You know the reason I really
love the stars? It’s that we cannot hurt them.»
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