Este é um filme rapidíssimo sobre a iniciação de uma
adolescente que deseja outra vida; não deseja a escola religiosa onde está; que
ama os pais mas não a prisão familiar que estes impõem; que reconhece o esforço
financeiro que a vida exige mas revolta-se contra a falta de dinheiro. Deseja o
amor e o teatro mas os namorados e as peças não a satisfazem. Christine
McPherson (Saoirse Ronan) pede que a chamem pelo seu nome: Lady Bird! Acima de
tudo, deseja mais do que tudo sair da provinciana cidade de Sacramento e chegar
à cosmopolita cidade de Nova Iorque. Assim será!
«Lady Bird» é uma comédia de diálogos estilizados que fazem sublinhar as dores de um crescimento que, por vezes,
é demasiado trágico e veloz. O mundo parece ficar do lado de fora,
enquanto Lady Bird fica «do lado errado dos carris».
«Lady Bird» é, antes, uma comédia sobre a perspectiva moral americana
dos filmes de adolescência, tantas vezes copiados, tantas vezes plagiados. Greta
Gerwig, a realizadora novata, tem estilo e vocação e ritmo de montagem, contudo,
deixa a actriz Saoirse Ronan em cena sem protecção, sem tempo para se dar à
câmara, sem tempo para que o espectador possa construir-lhe um perfil, um
futuro. E que bela actriz Saoirse Ronan é.
Verdade seja dita. Greta Gerwig concede aos pais o
espaço que não dá a Lady Bird. Laurie Metcalf (Marion McPherson) e Tracy Letts
(Larry McPherson) ficam com a parte de leão e o mote substantivo do
filme, pelo meio de um certo exagero de gags, mudança de cena e diálogos a lembrar
a ‘stand-up comedy’.
jef, fevereiro 2018
«Lady Bird» de Greta Gerwig, Com Saoirse Ronan, Laurie
Metcalf, Tracy Letts, Lucas Hedges, Timothée Chalamet, Beanie
Feldstein, Lois Smith, Stephen Henderson, Odeya Rush, Jordan Rodrigues. EUA,
2017, Cores, 94 min.
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