terça-feira, 26 de novembro de 2019

Sobre o filme «Passámos Por Cá» de Ken Loach, 2019

















Abbie Turner (Debbie Honeywood) passa o dia no acompanhamento ambulatório de idosos. Conversa com eles, limpa-os, dá-lhes o almoço, como faria a sua mãe se ela estivesse viva. Corre de autocarro para autocarro porque teve de vender o carro para o marido Ricky Turner (Kris Hitchen) poder comprar uma carrinha para entrega de encomendas ao domicílio em regime de «franchise» e, assim, conseguir um emprego. O filho “Seb” (Rhys Stone) anda em crise de adolescência e falta às aulas para fazer pichagens nas paredes. A filha Lisa Jane (Katie Proctor) tenta adormecer apesar dos horários tresmalhados dos pais. A crise de 2008 instalou o desemprego e a instabilidade na família. Tudo parece correr mal mas, acima de tudo, eles amam-se e lutam.


Mais ao longe está o rigor cinematográfico e a extraordinária parábola política de «Eu, Daniel Blake» (2016). Mais de perto está o filme «A Lei do Mercado» de Stéphane Brizé (2015). Porém, a narrativa emocional servida pela mestria da montagem que o transforma num verdadeiro filme de suspense social, torna-o num importante testemunho estético do nosso mundo contemporâneo.

Viva Ken Loach! Viva o cinema político inglês!


 jef, novembro 2019



«Passámos Por Cá» (Sorry We Missed You) de Ken Loach. Com, Debbie Honeywood, Rhys Stone, Nikki Marshall, Katie Proctor. Argumento: Paul Laverty. Fotografia: Robbie Ryan; Música: George Fenton. Grã-Bretanha / França / Bélgica, 2019, Cores, 101 min.

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