Ali pela
viragem do milénio houve uma revolução na música pop. Suave, discreta,
divertida, descomprometida. A afinada maquinaria electrónica apoderou-se de
todo o espólio musical até ali gravado e, de um modo dançável e libertário,
esquecemos o “plágio” e passamos apenas a ouvir falar de “sampling”.
Excertos, repetições, truncagens, adulterações, loops vindos da
discografia universal para toda a discografia contemporânea e futura. Da colossal
colecção de discos de DJ Shadow para a de Armando Teixeira, passando pela Europa
germânica de Kruder & Dorfmeister & Rupert Huber ou pela francofonia de
Dimitri from Paris.
Tudo
se copiava, tudo se refazia, tudo se dançava.
Claro
que as paixões de Serge Gainsbourg e Jane Birkin não escaparam ao roubo de
Armando Teixeira, em 2003, mascarado de Balla, que copia sem dó nem piedade esse
modo easy-listening-flavour-lounge-cool-breeze-portuguese-french-dancing-rooftop.
Sem
dó nem piedade também é imitada a capa, o modo, a fórmula que já vinha a ser
copiada pela americanizada nouvelle vague.
E
fá-lo, lírico e brincalhão, com vigor, rigor, simplicidade e despretensão. Até encontramos uma faixa final escondida, revisitando um dos temas centrais do álbum. Maravilha!
O
virar do século acabou. Já não volta. Felizmente. Outras ideias musicais estão a ser descobertas. Muitas delas passarão pelas máscaras criativas de Armando
Teixeira (Balla, Knok Knok, Cidade Modular,…)
Felizmente,
também, que em 2022 voltamos a colocar (e em loop) o disco «Le Jeu» e vamos preparar o nosso vermute.
jef, agosto 2022
Sem comentários:
Enviar um comentário