Então
e o filme de Steven Spielberg «Os Fabelmans» não recebeu nenhum óscar? E «Tudo
em Todo o Lado ao Mesmo Tempo» leva sete de uma assentada? Por onde anda o critério cinematográfico dos votantes da Academia de Hollywood?
Este
é um filme que, bem vistas as coisas, poderia ser explicado em meia hora como
prolongado por mais de cinco… Bastava construir mais cenários, costurar mais
guarda-roupa, contratar mas figurantes e mais técnicos em arte-digital. Tem uns
longuíssimos 139 minutos!
Existe
aqui um falso exagero, um presunçoso piscar de olho ao fantástico surrealista, ao
burlesco, ao disparate ‘mel-brooks’, à coboiada oriental kung-fu ‘jackie-chan’,
à comédia desbragada sobre temas fracturantes, à produção e rapidez dos jogos-vídeo exibidos
em fractais simultâneos e planos sobrepostos, onde se ganham vidas acabando com
vidas, próprias e alheias, à estética sul-coreana das garotas-palhaço, uma vaidade
de que fazer humor vale tudo e um par de botas desde que no final se polvilhe com
a moral lacrimejante à ‘condessa-de-ségur’.
Salve-se
Michelle Yeoh que com mestria consegue ultrapassar tudo e dar corpo e densidade
emocional à mãe-star-up-multi-task Evelyn Wang. Salve-se ainda a seriedade de Jamie
Lee Curtis por nos fazer recordar eternamente «Um Peixe Chamado Wanda» (Charles
Crichton, 1988).
Volta
Quentin Tarantino («Pulp Fiction» 2019, «Kill Bill 1 e 2» 2003-2004,
«À Prova de Morte» 2007). Voltem rápido Akira Kurosawa («Os Sete Samurais»,
1954) e John Sturges («Os Sete Magníficos», 1960).
Óscares,
para que vos quero!
jef,
março 2023
«Tudo
em Todo o Lado ao Mesmo Tempo» (Everything Everywhere All at Once) de Daniel
Kwan e Daniel Scheinert. Com Michelle Yeoh, Stephanie Hsu, Jamie Lee Curtis, Ke
Huy Quan, James Hong, Tallie Medel, Jenny Slate, Harry Shum Jr., Biff Wiff.
Argumento: Daniel Kwan e Daniel Scheinert. Produção: Virginie
Besson-Silla, Daniel Kwan, Mike Larocca. Fotografia: Larkin Seiple. Música: Son
Lux. Guarda-roupa: Shirley Kurata. EUA, 2022, Cores, 139 min.
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