sexta-feira, 16 de junho de 2023

Sobre o livro «Maigret e a Casa do Juiz» de George Simenon. Livros do Brasil, 1990 (1931). Colecção Vampiro n.º 513. Tradução de Samuel Soares.


 









George Simenon sempre deposita grande esperança na inteligência emocional, diria melhor, na inteligência afectiva do inspector Maigret. Tem dele ainda maior consideração pois foi retirado de Paris e exíilado na pequena Luçon, que apenas possui um café fumarento e um posto de polícia onde o inspector Méjat empesta o ar com a sua super-brilhantina. E a pituitária de Maigret, como todos nós sabemos, é particularmente sensível.

Que importa se o juiz Forlacroix, que vive actualmente numa grande mansão perto da aldeia piscatória de Aiguillon, tem um cadáver estendido no soalho e um outro retido na memória? Que importa se o juiz passou na juventude por Versalhes, e a vida que levam os seus dois filhos? Quem quer saber a identidade do assassino?

O que nos interessa (e que tanto diverte Simenon, que tão bem e descreve) é o poder de decisão de Adine Hulot, esposa do ex-guarda fronteiriço, vesgo e bem-mandado, Justin Hulot. Melhor, Didine, como é a velha senhora por todos apelidada, carinhosamente ou sarcasticamente.

Pois Didine, assertiva e dirigente, sabe tudo o que se passa em Aiguillon-sur-mer ao mais ínfimo pormenor, público ou privado.

Como é óbvio, Didine também manda em Maigret.

Didine é a rainha da festa e o centro do romance.


jef, junho 2023

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