George
Simenon sempre deposita grande esperança na inteligência emocional, diria
melhor, na inteligência afectiva do inspector Maigret. Tem dele ainda maior consideração
pois foi retirado de Paris e exíilado na pequena Luçon, que apenas possui um café fumarento
e um posto de polícia onde o inspector Méjat empesta o ar com a sua super-brilhantina.
E a pituitária de Maigret, como todos nós sabemos, é particularmente sensível.
Que
importa se o juiz Forlacroix, que vive actualmente numa grande mansão perto da
aldeia piscatória de Aiguillon, tem um cadáver estendido no soalho e um outro retido
na memória? Que importa se o juiz passou na juventude por Versalhes, e a vida que levam os seus
dois filhos? Quem quer saber a identidade do assassino?
O
que nos interessa (e que tanto diverte Simenon, que tão bem e descreve) é o
poder de decisão de Adine Hulot, esposa do ex-guarda fronteiriço, vesgo e
bem-mandado, Justin Hulot. Melhor, Didine, como é a velha senhora por todos apelidada,
carinhosamente ou sarcasticamente.
Pois
Didine, assertiva e dirigente, sabe tudo o que se passa em Aiguillon-sur-mer ao mais ínfimo pormenor, público ou privado.
Como é óbvio, Didine
também manda em Maigret.
Didine
é a rainha da festa e o centro do romance.
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