quarta-feira, 21 de junho de 2023

Sobre o livro «O Bode Expiatório» de Raymond Chandler. Livros do Brasil (1958). Colecção Vampiro 147. Tradução de Mascarenhas Barreto.










Não será o melhor livro de Raymond Chandler. 

Philip Marlowe Vê-se contratado ou subcontratado pelo advogado Clyde Umney para que descubra o paradeiro de Eleanor King, ou melhor, Betty Mayfield. Mas acaba num intricado jogo de peripécias, perseguições e chantagens sequenciais das quais, afinal, não lucrará assim tanto. Bem, um facto é que, a Betty Mayfield, Marlowe parece ter uma preferência pela desenvolta, deslumbrante, secretária de Umney, Miss Vermilyea com o seu Fleetwood Cadillac.

Contudo, um romance de Raymond Chandler é sempre um marco nessa luta obstinada em colocar descrições ou narrações de alto estilo em livros de comprar em estações de comboios para no final da viagem (não) deitar fora. Basta tomar alguma atenção à descrição social da povoação mais ou menos abastada de Esmeralda, cuja história lhe é contada por Fred Pope. Ou ao encontro, num soturno restaurante meio-fechado com o chantageador-mor, burgesso e palitador de dentes, Goble. Ou à filosófica conversa com o observador aristocrata Mister Clarendon IV. Cada trecho destes é, por si, um enredo. Cada encontro com uma mulher é uma verdadeira intriga.

Se ficamos um pouco desiludidos com as reviravoltas que o livro dá no final para coser as linhas do argumento, isso já pouco importa. O prazer da leitura já garantiu o sucesso dno tempo despendido.


jef, junho 2023

Sem comentários:

Enviar um comentário