De
que são feitas as relações que estabelecemos um com o outro (ou uns com os
outros)? Qual a matéria biológica, social, emocional, química ou física em que
assenta a escolha para esse relacionamento, enfim, quais as causas e as suas
consequências? Quais os actos pelos quais podemos assisti-las, admiti-las,
expressá-las?
Difícil
definir. Provavelmente, até esgotante e inútil.
Contudo,
o sintagma «Tu e Eu» representa, em animais sociais e gregários como nós, quase
tudo. A interpretação da frase de três palavras curtas é das mais interessantes
e intricadas para a humanidade.
Assim
também é o novo tomo da biblioteca do artista André Ruivo. Sem mais palavras
que o Tu e Eu, surgem catorze definições gráficas bastante elucidativas sobre a
complexidade do tema. O volume em forte cartolina (17,5 x 24 cm) aprofunda e acelera
um dos temas que o artista tem vindo a explorar nos últimos anos. Ver, como
exemplo, «Abraços» (2019) «Vírus» (2021) ou «Hot» (2022).
Existe
um lado deliciosamente contraditório, cada vez mais orgânico, na digitalização
do grafismo de André Ruivo. Os traços são definidos e irregulares, os limites quase
errados; as cores vão ficando carregadas, saturadas, primárias; cada história narrada não precisa de contar com as palavras, elas sobejariam, tão terno é cada um dos
catorze contos plásticos. Como num livro infantil para crianças amáveis e
inteligentes.
O
cabal esclarecimento diegético de uma frase através do primor artístico de
André Ruivo.
jef,
agosto 2023
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