Este
filme impressionou-me com a realidade da criação da personagem Dalva pela actriz
Zelda Samson, com 12 anos na altura. Dalva, raptada pelo pai vivia com ele de
modo afectivo e sexual. Dalva amava o pai e desconhecia que amar e fazer amor poderiam
ser assuntos dissociáveis. O pai tratava-a como amante-boneca de luxo.
Nada
disso vimos a contragosto do cruel e mórbido voyeurismo. Mas ouvimos. Quando a polícia chega ao apartamento na primeira cena a negro após o genérico inicial e a criança chama desesperado por Jacques.
A
história é a tentativa de recuperação da infância da criança através do sistema
social de acolhimento e da justiça. Sem dramas, sem comiseração mas deixando à distância a
sociedade que envolve tanto Dalva, como os pais ou quem dela tem de cuidar. O
filme fica longe do comprometimento social. Saudades de Jean-Pierre and
Luc Dardenne.
No entanto, ficar-me-á gravado na memória a imagem travestizada de dama antiquada de Zelda
Samson. E qualquer coisa me fez lembrar durante todo o filme a linda Romy Schneider
“Sissi”.
jef,
fevereiro 2024
«O
Amor Segundo Dalva» (Dalva) de Emmanuelle Nicot. Com Zelda Samson, Alexis
Manenti, Fanta Guirassy, Marie Denarnaud, Jean-Louis Coulloch, Sandrine Blancke,
Maia Sandoz, Charlie Drach, Roman Coustère, Roman Coustère Hachez, Abdelmounim
Snoussi, Babetida Sadjo, Gilles David, Romane Mouyal, Anne-Laure Penninck, Diego
Murgia, Lysa Caugy Vonville, Trancillia Bokungu, Zaire Souchi, Delphine Bibet, Yasmina
Maïza, Eva Azevedo de Sousa, Joséphine Lucic, Alain Eloy. Argumento: Emmanuelle
Nicot. Produção: Julie
Esparbes e Delphine Schmit. Fotografia: Carolina Guimbal. Música: Frédéric
Alvarez. Bélgica / França, 2023, Cores, 83 min.
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