Existem dois artistas meus amigos que utilizam o modo (ou a
grata mania) dos “cadernos” como experiência técnica ou classificação estética
para as respectivas publicações. Um modo classificativo de lineu que organiza
desorganizando as respectivas obras. É tão clássica e académica quanto infantil
e lúdica.
Esses artistas são Gonçalo M. Tavares e André Ruivo.
André Ruivo edita agora «Abraços», finalmente em A4, capa cor-de-rosa
em pausa, agrafo negro. Um formato que aguardávamos com alta e benéfica ansiedade.
Nem todas as páginas estão preenchidas, nem todas as páginas contêm amplexos a
4 cores, como antes se dizia. Nem todas as páginas são brilhantes e envernizadas.
Nem todas as páginas são tomadas pela cor macia da grafite deslizando sobre a rugosidade
do papel OR, um papel tão bom para dobragens e abraços.
Mas todas são híper-românticas e comoventes. Excelentes para a sobrevivência vital e a acalmia da alma tanto quanto a dopamina, a seratonina,
a adrenalina, todos esses alcalóides ou neuro-qualquer-coisa que se libertam
quando abraçamos verdadeiramente alguém que se ama.
O caderno «Abraços» de André Ruivo é irresistível.
Desarma qualquer um. Ou seja, pacifica qualquer um.
Viva a seratonina que se liberta em cada abraço!
jef, dezembro 2018
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