A violência de Lars von Trier está, a cada filme, mais
ineficaz. O seu cinema mais vazio.
«The House That Jack Built - A Casa de Jack» é um filme
cansativo e inútil, maniqueísta (do filósofo cristão do século III, Maniqueu –
fui à Wikipédia) e vaidoso. Talvez fútil e com um forte laivo de foleirice, no
final.
Colocar o próprio assassino Jack (Matt Dillon) a filosofar o
tempo inteiro com Verge (Virgílio??) (Bruno Ganz) sobre o distúrbio obsessivo-compulsivo
e o efémero da arte que apodrece, parece-me demais. Usar cenas dos seus filmes
anteriores, colando-os a imagens reais do(s) holocausto(s), imitar Bob Dylan a
lançar cartõezinhos com legendas para o chão, invocar Goethe ou William Blake para,
por fim, construir uma bela casinha com os cadáveres congelados e dentro dela
se perder até ao mais fundo dos infernos, com um toque de cenário maçónico à
Harry Potter, torna-se insuportável.
Nem Matt Dillon nem Bruno Ganz conseguem salvá-lo. Muito menos
as extraordinárias actrizes que dão corpo intenso aos crimes sádicos e à
tortura sanguinária, Uma Thurman, Riley Keough, Siobhan Fallon Hogan, Sofie
Gråbøl. Tudo se esvai na espuma da mais tola presunção moralista.
E para ver filmes violentos que se tome «Shining» (Stanley
Kubrik, 1980), «Salò ou os 120 dias de Sodoma» (Pier Paolo Pasolini, 1975), «Vem
e Vê» (Elem Klimov, 1985). Todos eles actos estéticos irrepreensíveis.
(Ainda não percebi por que continuo a ir ver os filmes de
Lars von Trier!)
jef, janeiro 2019
«The House That Jack Built - A
Casa de Jack» de Lars von Trier. Com Matt Dillon, Bruno Ganz, Uma Thurman,
Riley Keough, Jeremy Davies, Jack McKenzie, Siobhan Fallon Hogan, Sofie Gråbøl.
Música: Víctor Reyes.
Fotografia: Manuel Alberto Claro. EUA, 2018, Cores, 155 min.
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