Não seriam precisas três horas para contar uma história (em
jeito Reader’s Digest) enraizada no mais horrível tempo de uma Europa a apodrecer
com o plano nazi de esterilização e erradicação da população ‘menor’. Aqui
temos de tudo, desde a arte degenerada, às câmaras de gás (já estaríamos então
nos anos da ‘solução final’?), ao realismo socialista, à fuga (extraordinariamente
rápida e eficaz) para o Ocidente, aos maneirinhos de melodrama novelesco da televisão velha (pois é na televisão de agora que se vê o melhor cinema), até que o jovem e dotado pintor Kurt Barnert (Tom Schilling) chega ao seio da
avant-garde Academia de Arte em Düsseldorf do professor Antonius van Verten / Stefan
Bauer (Oliver Masucci) e vence estrondosamente com o seu pre-hiper-realismo-fotográfico ao lado da sua paixão, a bela Elizabeth
(Paula Beer), e do seu filhinho. Tudo ao som da música de Max Richter que nos
coloca entre um Phillip Glass ‘envergonhado’ e um Vangelis ‘new age’. Vá lá
ouvimos de raspão Klaus Nomi e Silvie Vartan…
Posso não ter gostado do filme mas a memória destes tempos
vale sempre a recapitulação, repetição. Jamais o esquecimento.
jef, janeiro 2019
«Nunca Deixes de Olhar» (Werk ohne
Autor) de Florian Henckel von Donnersmarck. Com Tom Schilling, Sebastian Koch,
Paula Beer, Saskia Rosendahl e Oliver Masucci, Hanno Koffler, Jonas Dassler,
David Dassler, David Schüffer, Ina Weisse, Jörg Schüttaf. Música: Max Richter.
Itália / Alemanha, 2018, Cores, 188 min.
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