terça-feira, 4 de junho de 2019

Sobre o filme «3 Rostos» de Jafar Panahi, 2018

















Não interessa muito entender por que assim se chama o filme. O facto é que Jafar Panahi consegue novamente um triplo feito:

1. Dar aos rostos filmados de muito perto, entre o vidro da câmara e o vidro do jipe, a fotogenia imprescindível para que o espectador os coloque no centro de um drama que afinal é uma comédia que talvez seja mesmo uma tragédia. Os lenços, os xadores, os mantos, são de uma beleza paisagística imensa… tal como já o tinham sido em «Shirin» de Abbas Kiarosmaki (2008).

2. Colocar na base da intriga as novas tecnologias e a modernidade da realidade falseada através de um vídeo que simula o suicídio da jovem Marziyeh que pretende angariar a simpatia da famosa actriz Behnaz Jafari que, em desespero e interrompendo as filmagens onde participava, pede ao realizador Jafar Panahi que a leve ao local da tragédia.

3. Fazer um falso filme sobre a realidade de uma falsa verdadeira intriga em que os actores Behnaz JafariJafar PanahiMarziyeh Rezaei fazem de si próprios e todos os figurantes da aldeia do Norte do Irão são os actores principais de um país cuja cultura transcende a própria vocação de Jafar Panahi em realizar «não-filmes».

Uma brincadeira mesmo muito séria sobre a condição humana e a sua consciência.

jef, junho 2019

«3 Rostos» (3 Faces) de Jafar Panahi. Com Behnaz JafariJafar PanahiMarziyeh Rezaei. Irão, 2018, Cores, 100 min.

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