Depois
de «Uma Separação» (2011), «O Passado» (2013) ou «O Vendedor» (2016), o
iraniano Asghar Farhadi terá ganhado velocidade, fama e dinheiro de produção. Aterra
num melodrama policial de cariz e tiques espanhóis, onde Laura (Penélope Cruz)
viaja de Buenos Aires até à terriola natal, tipicamente espanhola quanto ao
alarido e à alegria (mais um estereotipo do que uma realidade meridional), para
participar com os seus dois filhos no casamento da irmã. Aí, reencontra o seu
antigo namorado (Javier Bardem). Aí, regressa o seu actual marido argentino
Alejandro (Ricardo Darín),
chamado em lágrimas. Aí, desaparece a sua filha Irene (Carla Campra) no meio da
festa e da chuva. Aí todos serão cinematograficamente acusados, a par e passo,
consoante a linha da novela, consoante as pedrinhas da intriga deixadas em
tempo pelo realizador no decorrer do filme mas sem prestar muita atenção aos ditames
da real verosimilhança. Tudo está bem quando acaba bem ou mal. Tudo está bem
porque, afinal, os malfeitores poderão ser ainda acusados, sem nova reviravolta,
enquanto os actores se esforçam com todas as forças por circular em planos fechados
e cenários um tanto pindéricos, um tanto claustrofóbicos e em repetição.
Quando um
mau filme entretém o serão e um bom realizador se perde pelo meio de prémios
internacionais e castings pomposos.
jef,
junho 2019
«Todos Sabem» (Todos lo Saben) de Asghar
Farhadi. Com Penélope Cruz, Javier Bardem, Ricardo
Darín, Bárbara Lennie, Eduard Fernández, Ramón Barea, José Ángel
Egido, Carla Campra
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