Entre
a voz de Colette
Magny e as Folhas de Erva de Walt Whitman.
Angèle
(Judith Davis)
é neta da revolução porque os pais são filhos do Maio de 68. Vive no sonho da
sociedade ser pensada ideologicamente pelas pessoas e para as pessoas. Deseja
aproximá-las, projectando uma rua onde agora está um muro de trânsito e ruidoso
silêncio. Lidera um grupo de intervenção política mas que exerce mais o papel
de terapia psico-social. Ela não compreende por que a mãe abandonou a família e
os ideais. Tem medo de se aproximar efectiva e afecticvamente de Saïd (Malik
Zidi), professor primário na escola onde a malta se reúne. Acima de tudo, Angèle
revolta-se contra si própria. Não encontra o seu lugar. A revolução já passou.
Ora
aqui está um filme que bem seria de Julie Delpy não fosse tão ingénuo, quase
infantil. Judith Davis escreve o argumento, realiza e interpreta. Filma uma persona
que poderia ser um duplo por quem se apaixonou. É um filme galhofeiro, agradavelmente
trôpego, copiando alguns tiques de nouvelle vague. Sem dúvida ingénuo, repito,
onde se fala demais em pouco tempo, fingindo cénica a ansiedade juvenil. Mas
não deixa de ser cativante o modo inocente como cola as personagens a um mundo
que parece saído de banda desenhada ou de um sonho acarinhado.
Com
uma banda sonora que deve ser ouvida atentamente.
jef,
junho 2019
«O Que Me Ficou da Revolução»
(Tout ce qu'il me reste de la révolution)
de Judith Davis. Com Judith Davis,
Malik Zidi, Claire Dumas, Simon Bakhouche, Mélanie Bestel, Nadir Legrand,
Mireille Perrier, Yasin Houicha, Pat Belland, Samira Sedira. Argumento: Judith
Davis. França, 2018, Cores, 88 min.
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