quarta-feira, 5 de junho de 2019

Sobre o filme «O Que Me Ficou da Revolução» de Judith Davis, 2018













Entre a voz de Colette Magny e as Folhas de Erva de Walt Whitman.

Angèle (Judith Davis) é neta da revolução porque os pais são filhos do Maio de 68. Vive no sonho da sociedade ser pensada ideologicamente pelas pessoas e para as pessoas. Deseja aproximá-las, projectando uma rua onde agora está um muro de trânsito e ruidoso silêncio. Lidera um grupo de intervenção política mas que exerce mais o papel de terapia psico-social. Ela não compreende por que a mãe abandonou a família e os ideais. Tem medo de se aproximar efectiva e afecticvamente de Saïd (Malik Zidi), professor primário na escola onde a malta se reúne. Acima de tudo, Angèle revolta-se contra si própria. Não encontra o seu lugar. A revolução já passou.

Ora aqui está um filme que bem seria de Julie Delpy não fosse tão ingénuo, quase infantil. Judith Davis escreve o argumento, realiza e interpreta. Filma uma persona que poderia ser um duplo por quem se apaixonou. É um filme galhofeiro, agradavelmente trôpego, copiando alguns tiques de nouvelle vague. Sem dúvida ingénuo, repito, onde se fala demais em pouco tempo, fingindo cénica a ansiedade juvenil. Mas não deixa de ser cativante o modo inocente como cola as personagens a um mundo que parece saído de banda desenhada ou de um sonho acarinhado.

Com uma banda sonora que deve ser ouvida atentamente.

jef, junho 2019

«O Que Me Ficou da Revolução» (Tout ce qu'il me reste de la révolution) de Judith Davis. Com Judith Davis, Malik Zidi, Claire Dumas, Simon Bakhouche, Mélanie Bestel, Nadir Legrand, Mireille Perrier, Yasin Houicha, Pat Belland, Samira Sedira. Argumento: Judith Davis. França, 2018, Cores, 88 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário