sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Sobre o filme «Benedetta» de Paul Verhoeven, 2021

















O mote é dado no início. A pequena Benedetta (Elena Plonka), devota a nossa senhora (e com uma escultura em madeira na mão que a representa), faz afastar os malévolos cobradores de impostos com um passarinho que defeca no olho de um deles.

Ainda criança, é acolhida no convento de clausura e tiram-lhe a estatueta e as ricas roupas em troca de um áspero hábito de burel e de uma choruda pensão dada à confraria por parte do seu pai. Ela reza apaixonada a uma virgem de seio desnudado que lhe cai em cima mas não a mata. Antes pelo contrário.

Mais tarde, Benedetta (Virginie Efira) encontra a noviça, a pobre pastora Bartolomea (Daphné Patakia), e ambas recuperam a velha e milagrosa estatueta em madeira. Os milagres sucedem-se, os estigmas surgem e a peste não chega a entrar na toscana Pescia, vila que acolhe o convento.

O iconoclasta realizador Paul Verhoeven, depois de colocar Isabelle Huppert no centro da também iconoclasta personagem de Michèle em «Ela» (2016), persegue o tom de comédia negra onde a acção bélica com espadeiradas e sangue a esguichar é condensada no suspense de uma investigação quase criminal e no erotismo das cenas entre as duas freiras. 

O tempo pestilento, de pouca higiene e sem vacinas num filme próprio para ser visto no Natal de 2021.


jef, dezembro 2021

«Benedetta» de Paul Verhoeven. Com Virginie Efira, Charlotte Rampling, Daphné Patakia, Lambert Wilson, Olivier Rabourdin, Louise Chevillotte, Hervé Pierre, Clotilde Courau, David Clavel, Elena Plonka. Argumento: David Birke, Paul Verhoeven, baseado no livro “Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy” de Judith C. Brown. Fotografia: Jeanne Lapoirie. Música: Anne Dudley. Produção: Saïd Ben Saïd, Jérôme Seydoux. França / Itália, 2021, Cores, 131min.

Sem comentários:

Enviar um comentário