Como
em «Três Andares» de Nanni Moretti (2021), existe em «Mães Paralelas» o poder
irresistível do melodrama clássico. As imagens e os factos encadeiam-se num ritmo diegético fascinante, levando-nos através da intriga que
une aquelas duas recentes (e tão diferentes) mães que se conhecem no quarto da
maternidade: Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit). Através de truques e
coincidências inusitadas que normalmente são utilizados pela comédia, Pedro
Almodóvar ainda consegue cruzar o romance com a memória de uma das mais
trágicas feridas abertas em Espanha e na Europa. Os mortos sem sepultura
executados por uma das guerras fratricidas mas trágicas de sempre (1936-1939).
Nisso,
Pedro Almodóvar é mesmo muito bom!
Nisso
e também no quadro onde situa o enredo e as personagens-actores. Sempre um
quadro cénico único, vibrante, caleidoscópico, muito difícil de abarcar
completamente logo na primeira observação. Apetece voltar a entrar no cinema
para ouvir novamente a banda sonora de Alberto Iglesias e rever com mais
atenção o guarda-roupa, o design e as cores dos objectos, os quadros, as
esculturas… É mesmo deslumbrante o pantone dramático de Pedro Almodóvar.
Um
filme que já faz parte dos meus mais especiais P.A.: «Tudo sobre
a Minha Mãe» (1999), «Fala com Ela» (2002) ou «Dor e Glória» (2019).
jef,
dezembro 2021
«Mães
Paralelas» (Madres Paralelas) de Pedro Almodóvar. Com Penélope Cruz, Rossy de
Palma, Aitana Sánchez-Gijón, Israel Elejalde, Daniela Santiago, Milena Smit,
Ainhoa Santamaría. Argumento: Pedro Almodóvar. Produção: Agustín Almodóvar e Esther
García. Fotografia: José Luis Alcaine. Música: Alberto Iglesias. Espanha, 2021,
Cores, 120 min.
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