quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Sobre o filme «Mães Paralelas» de Pedro Almodóvar, 2021






















Como em «Três Andares» de Nanni Moretti (2021), existe em «Mães Paralelas» o poder irresistível do melodrama clássico. As imagens e os factos encadeiam-se num ritmo diegético fascinante, levando-nos através da intriga que une aquelas duas recentes (e tão diferentes) mães que se conhecem no quarto da maternidade: Janis (Penélope Cruz) e Ana (Milena Smit). Através de truques e coincidências inusitadas que normalmente são utilizados pela comédia, Pedro Almodóvar ainda consegue cruzar o romance com a memória de uma das mais trágicas feridas abertas em Espanha e na Europa. Os mortos sem sepultura executados por uma das guerras fratricidas mas trágicas de sempre (1936-1939).

Nisso, Pedro Almodóvar é mesmo muito bom!

Nisso e também no quadro onde situa o enredo e as personagens-actores. Sempre um quadro cénico único, vibrante, caleidoscópico, muito difícil de abarcar completamente logo na primeira observação. Apetece voltar a entrar no cinema para ouvir novamente a banda sonora de Alberto Iglesias e rever com mais atenção o guarda-roupa, o design e as cores dos objectos, os quadros, as esculturas… É mesmo deslumbrante o pantone dramático de Pedro Almodóvar.

Um filme que já faz parte dos meus mais especiais P.A.: «Tudo sobre a Minha Mãe» (1999), «Fala com Ela» (2002) ou «Dor e Glória» (2019).


jef, dezembro 2021

«Mães Paralelas» (Madres Paralelas) de Pedro Almodóvar. Com Penélope Cruz, Rossy de Palma, Aitana Sánchez-Gijón, Israel Elejalde, Daniela Santiago, Milena Smit, Ainhoa Santamaría. Argumento: Pedro Almodóvar. Produção: Agustín Almodóvar e Esther García. Fotografia: José Luis Alcaine. Música: Alberto Iglesias. Espanha, 2021, Cores, 120 min.

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