Este
filme é simples, muito linear, talvez demasiado ingénuo. No entanto, encerra a
comoção quantas vezes repetida do milagre regenerador e revolucionário
transportado pela juventude. Qualquer coisa mágica que encontramos em «O Clube
dos Poetas Mortos» (Peter Weir, 1989) e «O Professor Bachmann e a Sua Turma»
(Maria Speth, 2021), com laivos desse cinema-teatro-musical-dançado-rebelde que
é «West Side Story - Amor Sem Barreiras» (Jerome Robbins, Robert Wise, 1961).
Sim,
estou a exagerar, o filme fica aquém daqueles.
No
entanto, a classe de hip-hop reunindo rapazes e raparigas à volta de um
professor carismático que vive dentro de um automóvel, um jovem do qual
desconhecemos o passado, que é circunspecto, duro, mas igualmente terno, e que
obriga os alunos a exprimirem-se com sinceridade através das rimas, da música,
da break-dance de um hip-hop vindo do Bronx-Nova Iorque para aterrar nas
intricadas ruas-corredores de Casablanca-Marrocos, ou no ainda mais intricado complexo
moral-religioso muçulmano, justifica a nossa adesão emocional. Justifica todo o
empenho daqueles jovens músicos e artistas cujos nomes fictícios coincidem com
os nomes reais.
Justifica
que a nossa memória cinematográfica retenha a criação daquele jovem e sofrido
professor Anas, representado pelo rapper marroquino Anas Basbousi.
jef,
julho 2022
«Alto
e Bom Som - A Batida de Casablanca» (Haut et fort / Casablanca Beats) de Nabil
Ayouch. Com Anas Basbousi, Ismail Adouab, Zineb Boujemaa, Meryem Nekkach,
Nouhaila Arif, Abdelilah Basbousi, Mehdi Razzouk, Amina Kannan, Mehdi Razzouk,
Soufiane Bellali, Maha Menan, Samah Barigou, Marwa Kniniche, Abderrahim
Errahmani, Sophia Akhmisse. Argumento: Nabil Ayouch, Maryam Touzani. Produção:
Nabil Ayouch, Amine Benjelloun, Alain Cohen, Martine Cohen. Fotografia: Amine
Messadi, Virginie Surdej. Música: Fabien Kourtzer, Mike Kourtzer. Guarda-Roupa:
Nino Zautashvili. Marrocos / França, 2021, Cores, 101 min.
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