Digamos
que são três curtas histórias passadas em Paris, sobre rendez-vous que acabam
mais em desencontros do que encontros, manobrados tanto pelo acaso como pela libido
do namoro. Éric Rohmer encurta-se no lado filosófico ou literário que tanto gosta
de colocar no comportamento das suas personagens e entrega-lhes o lado mais
casual da perseguição que o instinto amoroso contém.
Talvez
o primeiro, «O encontro das 7 da tarde», junto à Praça Beaubourg e à fonte
Stravinsky se aproxime mais do lado lúdico rohmeriano onde o fortuito vai
costurando a intriga e esta segue a jovialidade de Esther (Clara Bellar) até à evidência suspeitada.
Já
em «Os Bancos de Paris», ela (Aurore Rauscher) e ele (Serge Renko) percorrem os
bancos de jardim parisienses, desde os jardins do Luxemburgo ao Buttes
Chaumont, namoriscando e filosofando até chegar a um beco sem saída, o empedernido
passado.
Em
«Mãe e Filho, 1907», tudo circula em redor da atracção que este quadro do Museu
Picasso produz nos respectivos espectadores. Principalmente a atracção que se
apodera de um jovem pintor (Michael Kraft) por uma atenta observadora (Bénédicte
Loyen) que ali toma notas para uma posterior impressão da pintura.
Tudo
é talvez fugaz, talvez inconsequente, porém a realidade do desejo é tão real
como definitiva. Éric Rohmer manobra os seus filmes sempre sobre o duplo fio
dessa suave navalha.
jef, junho 2022
«Os
Encontros de Paris» (Les Rendez-vous de Paris) de Éric Rohmer. Com Clara
Bellar, Antoine Basler, Mathias Mégard, Judith Chancel, Malcolm Conrath, Cécile
Parès, Olivier Poujol, Aurore Rauscher, Serge Renko, Michael Kraft, Bénédicte
Loyen, Veronika Johansson, Florence Levu, Christian Bassoul. Argumento: Éric
Rohmer. Produção: Françoise Etchegaray. Fotografia: Néstor Almendros. Música: Sébastien
Erms. França, 1995, Cores, 98 min.
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