Entro
no universo do Senhor Vulcão pelo número quatro. Um disco amarelo. Sete canções
que reconhecem na simplicidade directa o melhor modo de absorver e observar o
acto musical. Sem grandes misturas, sem Photoshop acrílico-electro-acústico. Sete
scherzi, sete divertimentos assumidos
no interior de uma forte personalidade artística. Sem pompa nem circunstância.
E
esse acto representa uma provocação política? Ou uma provocação poética?
De
tudo aqui se fala.
Como se folheássemos uma enciclopédia zoológica para crianças incrédulas mas afoitas, ou o assento de nascimento dos fregueses de um remoto bairro lisboeta.
Como
se brincássemos ao romantismo dos animais capitalistas de Georg Grosz.
Como
se sorríssemos a sério do mundo das canções de intervenção; do Zecchino d'Oro e
da pequena Maria Armanda; de um certo mundo nacional cançonetista contemporâneo;
de um lado muito compenetrado, até engravatado, do actual hip-hop; de um mundo ultra-presunçoso
da moderna poética portuguesa.
Aqui
a liberdade da arte, do som e das palavras é rainha.
Torna-se
impossível ouvir este disco sem sentirmos uma certa vontade de ir novamente colar
os mais difíceis cromos (o Pirilampo e a Serpente) na caderneta “O Loto dos Animais”.
E
isso é muito bom!
jef,
fevereiro 2023
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