Vitorino
continua a ser aquela peça de resistência musical, divertimento e memória que
todos necessitamos de visitar nos dias sombrios e angustiados que andamos a viver.
Ele não se verga nem desiste e resolve editar um disco na tradição da revolta,
do amor e do absurdo «Não sei do que se trata, mas não concordo!»
(Jugular Tradições, 2024), dedicado ao Sr. Arnaldo Trindade que assim falava,
gente da terra, de profundidade filosófica e talvez carpinteiro, usando sempre
fato-de-macaco.
Vitorino
são as suas histórias do Redondo e do Chiado, da Leitaria Garrett e das Belas
Artes. Vitorino é do “Fado Alexandrino”, do poema de Florbela Espanca “Cravos
Vermelhos”, do libertário e republicano “Fado da Liberdade Livre”, do “Poema”
de António José Forte, ou do “Cão Negro” de Jorge Palma ou ainda do nostálgico
“Meu Querido Corto Maltese”.
Mas
também de duas das canções de José Afonso mais fortes e incontornáveis “Era Um Redondo
Vocábulo” (cantado por Janita Salomé), de “A Morte Saiu à Rua”. Também de duas
partituras de Carlos Paredes transcritas para acordeão e tocadas por Inês Vaz.
E
de tão belo o poema de António Lobo Antunes “Ana II” ou de “Fado da Prostituta
da Rua de Santo António da Glória”.
E
se de alegre nostalgia não bastasse, claro e para terminar, “Queda do Império” “Menina
Estás à Janela’, “Vou-me embora”.
Grande
noite de grandes músicos em teatrinho aconchegado.
4
de março de 2025
Vitorino
com Tomás Pimentel (trompete), Paulo Gaspar (clarinete), Sérgio Costa (teclado),
Carlos Salomé (cordas e percussão), Rui Alves (bateria, voz e assobio), Inês
Vaz (acordeão).
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