quarta-feira, 5 de março de 2025

Sobre o concerto de Vitorino, Teatro Variedades 2025



 























Vitorino continua a ser aquela peça de resistência musical, divertimento e memória que todos necessitamos de visitar nos dias sombrios e angustiados que andamos a viver. Ele não se verga nem desiste e resolve editar um disco na tradição da revolta, do amor e do absurdo «Não sei do que se trata, mas não concordo!» (Jugular Tradições, 2024), dedicado ao Sr. Arnaldo Trindade que assim falava, gente da terra, de profundidade filosófica e talvez carpinteiro, usando sempre fato-de-macaco.

Vitorino são as suas histórias do Redondo e do Chiado, da Leitaria Garrett e das Belas Artes. Vitorino é do “Fado Alexandrino”, do poema de Florbela Espanca “Cravos Vermelhos”, do libertário e republicano “Fado da Liberdade Livre”, do “Poema” de António José Forte, ou do “Cão Negro” de Jorge Palma ou ainda do nostálgico “Meu Querido Corto Maltese”.

Mas também de duas das canções de José Afonso mais fortes e incontornáveis “Era Um Redondo Vocábulo” (cantado por Janita Salomé), de “A Morte Saiu à Rua”. Também de duas partituras de Carlos Paredes transcritas para acordeão e tocadas por Inês Vaz.

E de tão belo o poema de António Lobo Antunes “Ana II” ou de “Fado da Prostituta da Rua de Santo António da Glória”.

E se de alegre nostalgia não bastasse, claro e para terminar, “Queda do Império” “Menina Estás à Janela’, “Vou-me embora”.

Grande noite de grandes músicos em teatrinho aconchegado.


4 de março de 2025

 

Vitorino com Tomás Pimentel (trompete), Paulo Gaspar (clarinete), Sérgio Costa (teclado), Carlos Salomé (cordas e percussão), Rui Alves (bateria, voz e assobio), Inês Vaz (acordeão).

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