3ª Edição do Laboratório de Dramaturgia. 2016. Teatro
Meridional / Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa. Até
quatro actores que, inesperadamente, ficam confinados a determinado espaço.
A Firmino Bernardo, na sua escrita dramatúrgica enraizada no
humor e na tradição brechtiana do conflito que opõe o espaço, a palavra e o
homem-social, os limites propostos pelo Laboratório serviram, principalmente,
para ampliar o campo do Trabalho, quantas vezes minado, quantas vezes revoltado.
Assim foi, em «As Grandes Dionísias» (Apenas Livros 2013), escrito em parceria
com Suzana Branco, e «Dura Tchekhov Lex Sed Tchekhov Lex» que venceu o Prémio
Novas Dramaturgias FITA / LdE 2015. Firmino Bernardo gosta de explorar o espaço
confinado e coloca o leitor / espectador não tanto sob a angústia do sitiado
mas, acima de tudo, à mercê da ansiedade que o aprisionado faz recair sobre o
outro.
Albertina, Bartolomeu e a voz sapiente e ineficaz de Cândido
estão dentro de aquários-terrários onde quem vigia também é vigiado, também
impõe o respectivo nervo, a provável paranóia. A ansiedade proposta pelos
vigilantes, contudo, vai sendo transformada em conluio agressivo mas solidário de
vigiados, num humor crescente onde cenário e adereços têm vida própria
e não necessitam de «requests» para imporem a ordem física, quase circense.
Firmino Bernardo é uma voz séria no teatro português.
«A Dança das Raias Voadoras» de Ana Lázaro parte de outra premissa:
o espaço infinito do mar que sustenta a claustrofobia de um casco à deriva.
Quatro adultos infantilizados ou quatro miúdos a quem as circunstâncias,
esclarecidas em longas falas, ditam como lhes foi truncada a infância. Uma
delas não fala, as outras entram em conflito-mimado ou amuo-guerreiro sobre as presentes
ausências ou os desastres da memória. A guerra pode ser mais imaginada mas é
real.
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