segunda-feira, 6 de maio de 2019

Sobre o filme «O Mar de Árvores» de Gus Van Sant, 2015
















Sem dúvida que Aokigahara é um objecto literário, cinematográfico. O “Mar de Árvores é uma floresta de 38 km² situada na base noroeste do monte Fuji, no Japão. É um local turístico, de grande densidade florestal, silencioso, onde os espíritos e as almas vindas da mitologia japonesa guerreiam pelo espaço contra os numerosos suicidas que por ali deambulam. Há avisos escritos para que pensem duas vezes. Em média, são encontrados cem corpos por ano, alguns em avançado estado de putrefacção ou até mesmo somente os seus esqueletos. Diz a Wikipédia.

Naturalmente, o realizador Gus Van Sant entusiasma-se com o facto e coloca dois seres em busca do nada circulando no palco denso da floresta. Arthur Brennan (Matthew McConaughey), cidadão americano, cientista, professor, e o japonês Takumi Nakamura (Ken Watanabe). Deste último pouco se sabe. Do primeiro, rigorosos flash-backs vão-nos pondo ao corrente das dificuldades amorosas (e outras mais) que este tem com Joan Brennan, a sempre bela e terna Naomi Watts.

Poderia ser um telefilme choramingão a ser visto numa chuvosa tarde de domingo, onde a tristeza, o desespero, a neurose, a doença, a aceitação da ausência definitiva, estão listadas por ordem enciclopédica, caso Matthew McConaughey e Naomi Watts não estivessem à altura de nos fazer esquecer cardápio tão depressivo. Caso Gus Van Sant não fosse exímio em apresentar, cruzados, o espaço florestal e o espaço do passado do protagonista, costurando a história com sinais simbólicos que nos fazem seguir pelo processo real de recuperação humana face ao trauma da morte no amor.

jef, maio 2019

«O Mar de Árvores» (The Sea of Trees) de Gus Van Sant. Com Matthew McConaughey, Ken Watanabe, Naomi Watts, Katie Aselton e Jordan Gavaris. EUA, 2015, Cores, 110 min.

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