quarta-feira, 8 de maio de 2019

Sobre o filme «Piazzolla - Os Anos do Tubarão» de Daniel Rosenfeld, 2018















Este filme é sobre a tristeza do que ficou por dizer, por resolver, por desencantar. Daniel Piazzolla, o seu filho, olha pela janela e passeia os olhos pela maqueta da exposição que será realizada sobre o génio de seu pai. Relembra os dez anos que passou sem lhe falar após ter-lhe dito que voltar a uma formação jazzística já vivida é voltar para trás.

Daniel vai ouvir as gravações das conversas que a sua irmã, Diana Piazzolla, teve com o pai para a publicação de um livro sobre a vida do célebre bandoneonista. A sua irmã também já não está com ele.

As memórias sucedem-se, as viagens também, o trabalho quase frenético também. Os sorrisos do seu avô «americano» que ‘obrigou’ a criar tal criatura, os da sua bela mãe, os da sua irmã resistente, idem.

Talvez rápido demais para tanta informação criativa, familiar e política, em anos tão fundamentalmente agitados na América Latina e no mundo.

Um filme triste sobre como será viver no seio de uma família movida, centrada e encerrada dentro do trabalho de um génio. Como será sobreviver na ressaca da ausência, do vazio, do eco extinto da criatividade exemplar de Astor Piazzolla, que não desdenhava a expectativa necessariamente em pausa da pesca à linha dos tubarões?

jef, maio 2019



«Piazzolla - Os Anos do Tubarão» (Piazzolla, Los Años del Tiburón) de Daniel Rosenfeld. Argentina / França, 2018, Cores, 90 min.

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