O
mais interessante neste filme é o facto de deixar o espectador de cara à banda,
questionando a narrativa dispersa dentro de uma intriga poética e fracturada,
onde a incoerência à nouvelle vague
nos fazem ter muitas saudades da cidade de Paris, política, brilhante e enorme.
Agreste e amorosa!
Não
interessa se Yoav (Tom Mercier) foge de Telavive e repudia os pais e Israel,
pretendendo entrar numa casa parisiense onde encontra a chave num envelope
debaixo da passadeira, no patamar. Roubam-lhe depois tudo (e o pouco) que tem,
mas encontra, nu, enregelado e próximo de uma morte empírica, dois amigos: Emile
(Quentin
Dolmaire), Caroline (Louise
Chevillotte). Emile deseja escrever um
livro e mudra o mundo. Caroline pretende encontrar um sentido para a eterna duplicidade
da vida. Yoav quer mesmo ser francês: tem um dicionário leve, procura sinónimos,
rejeita a violência de um clã e as fronteiras de uma embaixada. Metralha com os
braços e os dedos a bela extinta Notre Dame. Não canta, berra «A Marselhesa».
Faz castings para filmes pornográficos. Come sem se enjoar esparguete com molho
de tomate e natas.
Tudo isto com uma vocação epidermíca, sensual,
quase libidinosa, dos actores. Paris no centro de um universo que se deseja agressivamente
pacífico. Lembrou-me Truffaut, Jean-Luc Godard, Bernardo Bertolucci. Isso é
muito bom!
jef,
maio 2019
«Sinónimos» (Synonymes) de Nadav Lapid, 2019. Com Tom
Mercier, Quentin Dolmaire, Louise
Chevillotte, Uria Hayik, Olivier Loustau, Léa
Drucker. França / Alemanha / Israel, 2019, Cores, 123 min.
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