quarta-feira, 22 de maio de 2019

Sobre o filme «Sinónimos» de Nadav Lapid, 2019


 
 
 













O mais interessante neste filme é o facto de deixar o espectador de cara à banda, questionando a narrativa dispersa dentro de uma intriga poética e fracturada, onde a incoerência à nouvelle vague nos fazem ter muitas saudades da cidade de Paris, política, brilhante e enorme. Agreste e amorosa!

Não interessa se Yoav (Tom Mercier) foge de Telavive e repudia os pais e Israel, pretendendo entrar numa casa parisiense onde encontra a chave num envelope debaixo da passadeira, no patamar. Roubam-lhe depois tudo (e o pouco) que tem, mas encontra, nu, enregelado e próximo de uma morte empírica, dois amigos: Emile (Quentin Dolmaire), Caroline (Louise Chevillotte). Emile deseja escrever um livro e mudra o mundo. Caroline pretende encontrar um sentido para a eterna duplicidade da vida. Yoav quer mesmo ser francês: tem um dicionário leve, procura sinónimos, rejeita a violência de um clã e as fronteiras de uma embaixada. Metralha com os braços e os dedos a bela extinta Notre Dame. Não canta, berra «A Marselhesa». Faz castings para filmes pornográficos. Come sem se enjoar esparguete com molho de tomate e natas.

Tudo isto com uma vocação epidermíca, sensual, quase libidinosa, dos actores. Paris no centro de um universo que se deseja agressivamente pacífico. Lembrou-me Truffaut, Jean-Luc Godard, Bernardo Bertolucci. Isso é muito bom!

jef, maio 2019

«Sinónimos» (Synonymes) de Nadav Lapid, 2019. Com Tom MercierQuentin DolmaireLouise Chevillotte, Uria Hayik, Olivier Loustau, Léa Drucker. França / Alemanha / Israel, 2019, Cores, 123 min.





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