Janeiro de 1972. Duas noites de gravações ao vivo do álbum
«Amazing Grace», em Watts, Los Angeles, na New Temple Missionary Baptist Church.
A direcção espiritual e musical é a do reverendo James Claveland. A dirigir
o The Southern California Community Choir está Alexander Hamilton. A filmar está Sydney Pollack que, na
altura, não conseguiu terminar a realização do documentário.
Aretha Franklin é já um dos centros (e diva) da música negra e desejou
regressar a uma certa «casa paterna» para cantar um conjunto de hinos
religiosos universais no meio mais honesto e sincero, uma igreja baptista, rodeada
de admiradores, fiéis, família e um coro de inigualável poder.
Agora vemos o resultado quase 50 anos depois, pela mão de
Alan Elliot. E na minha modesta opinião, torna-se este num dos mais poderosos
filmes musicais de sempre.
A alma vocal de Aretha Franklin é gigante, a vibração ali
criada é avassaladora. O mundo recriado em redor de «Amazing Grace» é de uma
intimidade majestosa, grandiosa, diria mesmo gritante, de uma alegria
impossível de descrever, entre a devoção catártica e o riso aberto. O ouvido
embala, o coração acelera, o corpo agita-se, as lágrimas surgem.
Aretha Franklin é mesmo uma deusa maior e provoca um dos maiores
e melhores sons emocionais de sempre. Um filme quase milagroso.
jef, janeiro 2020
«Amazing Grace» de Alan
Elliott (e Sydney Pollack). Com Aretha Franklin, James Claveland, Alexander
Hamilton, Cornell Dupree, Kenny Luper,
Poncho Morales, Bernard Purdie, Chuck Rainey, Sydney Pollack , Mick Jagger, Clara
Mae Ward, The Southern California Community Choir, C. L. Franklin. EUA, 2018, Cores, 89 min.
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