quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Sobre o filme «A Ilha dos Silvos» de Corneliu Porumboiu, 2019

















Longe vai o tempo da Roménia profunda, política, ingénua, sarcástica e humorada, de «12:08 A Este de Bucareste» (2007). Corneliu Porumboiu arranja um substancial orçamento e atira-se à comédia, definitivamente. Cristi, um agente da polícia romena, é também informador de um poderoso gangue de droga que opera em La Gomera, uma das ilhas das Canárias, onde deve aprender a linguagem dos assobios com que os meliantes comunicam entre si. Uma espécie de comédia romântica onde o nome de Gilda, representada pela mais bela Catrinel Marlon, é o início de uma longa série de gags e piscadelas de olho cinematográficas, de John Ford a Alfred Hitchcock. A cronologia da acção é substituída por capítulos cujos títulos anunciam o nome de cada personagem. O filme perde-se em demasiado anacronismo e reviravoltas, por vezes difíceis de acompanhar, mas vamos ganhando essa espécie de sorriso por uma paródia assente em cenários cuidados, cores iluminadas, banda sonora que quase distrai por encantamento, acabando num piroso jogo de luzes nos Jardins da Baía, em Singapura, ao som da Marcha Radetzky de Johann Strauss. O toque subtil e final de ironia!

Pode não ser um muito bom filme mas deixa uma sensação de delicioso divertimento.

jef, janeiro 2020

«A Ilha dos Silvos» (La Gomera) de Corneliu Porumboiu. Com Vlad Ivanov, Catrinel Marlon, Antonio Buíl, Augustí Villaronga, Rodica Lazar, Cristóbal Pinto. Argumento: Corneliu Porumboiu. Fotografia: Tudor Mircea. França / Alemanha / Roménia, 2019, Cores, 97 min.

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