domingo, 23 de fevereiro de 2020

Sobre o livro «O Caminho da Glória» de Alexandre Kuprine. Novelas "Inquérito", 1942. Tradução de Remédios de Bettencourt.















Quando as novelas faziam a grata tarefa que hoje é realizada por ecrãs de telemóvel e novelas televisivas às seis da tarde... Ressalvando as devidas e reconhecidas vantagens cognitivas para o acto da leitura!

No século XIX, Nicolau Arkadievitch conclui na cidade os estudos em Agricultura e é colocado numa aldeia situada algures no nenhures russo. Sem grandes distracções tenta o teatro amador mas sem grande sucesso, excepto o das gargalhadas nas cenas mais dramáticas. É aí que encontra Lídia Mikailovna, aliás Lidochka, jovem burguesa, filha de juiz, que, atraída irremediavelmente pela glória dos aplausos e do palco, tenta em Moscovo a arte da declamação junto do famoso actor jubilado Slavinsky que lhe tenta abrir os olhos dizendo que o futuro mais provável será mesmo o do teatro ambulante, paupérrimo e decadente. Lindochka não quer saber e insiste na arte dramática, separando-se então de Nicolau que julga amá-la. Anos mais tarde reencontram-se…

E, pronto, fica tudo dito. Não há volta a dar… as companhias de teatro são perversas, levando os actores desgraçadamente para a má vida e atraindo somente como espectadores hussardos mal-educados, bêbados poltrões e gente de má catadura.

Felizmente que guardo na memória a imagem do teatro venerado, elevado ao estatuto de educador maior do povo, abolindo barreiras, banindo tradições, de «O Conto dos Crisântemos Tardios» de Kenji Mizoguchi (1939).

jef, fevereiro 2020

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