quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Sobre o filme «Os Miseráveis» de Ladj Ly, 2019
















Há muito que um filme de acção não me punha os nervos em franja como este.

Aos subúrbios de Paris, em Montfermeil, onde convergem (ou divergem) raças, credos e culturas, chega o polícia Stéphane Ruiz (Damien Bonnard) para integrar a brigada anti-crime liderada por Chris (Alexis Manenti) e Gwada (Djebril Zonga), veteranos no controlo do crime através de métodos menos ortodoxos e negociações pouco éticas entre grupos rivais. Numa certa manhã de mercado, um pequeno leão é roubado de um circo de ciganos e um drone vigilante filma a acção da polícia.

A primeira longa-metragem do realizador francês de origem maliana, Ladj Ly, vem lembrar os confrontos violentos há uns anos, nos arredores de Paris, e até pode ser criticado por usar todos os estereótipos sociais e raciais do “bom ladrão” e do “mau polícia” (e todos sabemos como, hoje em dia, é perigoso embandeirar em fórmulas sociais tantas vezes baseadas no preconceito ou provocando preconceitos), mas «Os Miseráveis» tem um tal poder narrativo na montagem das cenas e na composição das personagens, provocando um suspense em crescendo, cena a cena, que deixa o espectador literalmente em palpos de aranha.

Um filme a homenagear (e a fazer ler) «Os Miseráveis» de Victor Hugo que, diz-se no filme, por ali viveu.

jef, fevereiro 2020

«Os Miseráveis» (Les Misérables) de Ladj Ly. Com Damien Bonnard, Alexis Manenti, Djibril Zonga, Issa Perica,Al-Hassan Ly, Steve Tientcheu, Almamy Kanoute, Jeanne Balibar. França, 2019, Cores, 102 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário