sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Sobre o filme «Bacurau» de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho, 2019















Um dos filmes do ano.
Um filme que me explica por que tanto gosto de «Sacanas sem Lei» (2009) ou «Django Libertado» (2012) de Quentin Tarantino, e não aderi assim tanto à famosa comédia «Parasitas» de Bong Joon-ho (2019).

Num futuro próximo, algures no Sertão brasileiro, filmado nas terras amplas do Rio Grande do Norte, Teresa (Bárbara Colen) regressa a Bacurau para o funeral de sua avó, D. Carmelita, 94 anos, amada pela família e pelo povo. Teresa chega à boleia de um camião cisterna cheio de água potável pois o perfeito prefere a campanha eleitoral à distribuição pública de água. Um camião com caixões virado na estrada é o primeiro fenómeno que Teresa estranha. Um pequeno disco voador sobrevoa a pacata aldeia que aposta mais na biblioteca pública e no ensino das crianças, na alegria dos psicotrópicos, nos serviços sexuais e nos cuidados médicos administrados por uma médica que nunca se ri, a Dr.ª Domingas – a extraordinária Sônia Braga! Tudo começa a descambar quando surgem dois motares sinistros, encapuçados pelos seus capacetes, e resolvem tomar uma cerveja na tasca da vila que nem sequer se encontra no mapa.

Aí, o sangue jorra, as cabeças saltam, nem as crianças são poupadas, numa comédia política, louca, despudorada, tão séria quanto o riso que me fez soltar. Nada ali falta, excepto a água potável!

jef, fevereiro 2020

«Bacurau» de Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho. Com Bárbara Colen, Thomas Aquino, Silvero Pereira, Sônia Braga, Udo Kier, Alli Willow, Karine Teles, Antonio Saboia, Jonny Mars. Música: Tomaz Alves Souza e Mateus Alves. França / Brasil, 2019, Cores, 131 min.

Sem comentários:

Enviar um comentário