Este é o filme de que se fala e que esgota a sala em que é
exibido, juntando público dos 14 aos 80, num estado de ansiosa expectativa… Não
é comum…
Não será necessário vislumbrar a piscadela de olho ao
expressionismo mudo de Buñuel, Murnau ou Eisenstein, a tensão de Hitckcock, as
insanas obsessões de Ahab, de Melville, os fígados de Prometeu agrilhoado, para
dizer, como o outro, tanto barulho por nada…
A fotografia a preto e branco (Jarin Blaschke) em jeito “35
mm” sob uma banda sonora em alto e bom som “mecânico”, vindo das tempestades do
oceano, da casa das máquinas do farol ou do velho casebre que aos poucos se desfaz, constrói parte grande do “mistério” do filme. A música de Mark Korven
completa o círculo.
Mas o barulho que se faz pelo filme tem alguma razão de ser, sobrepondo-se mesmo à respectiva banda sonora. A dupla faroleiro Thomas Wake (Willem Dafoe) e o seu
servente-oficial Ephraim Winslow (Robert Pattinson) merece séria atenção. O
diálogo realizado num espaço claustrofóbico, entre escadas estreitas, soalhos apodrecidos,
sujidade em crescendo, covas abertas para vivos-mortos, é muitas vezes
concluído com um arremedo de “comédia de costumes” que nos leva ao sorriso. Um
ponto a favor do filme que mostra como Willem Dafoe é um grande mestre da
comédia e da tragédia e Robert Pattinson, um partenaire à altura.
Dispensar-se-iam as imagens, obtusamente líricas, da pequena
sereia …
jef, fevereiro 2020
«O Farol» (The Lighthouse) de Robert Eggers. Robert
Pattinson, Willem Dafoe, Valeriia Karaman, Logan Hawkes, Kyla Nicolle. Argumento:
Robert Eggers
Max Eggers. Música: Mark Korven. Fotografia: Jarin Blaschke. Canadá
/ EUA, 2019, Cores, 109 min.
Sem comentários:
Enviar um comentário