Existe neste requintado e exuberante «Mulherzinhas» um
extraordinário “savoir-faire” da realizadora Greta Gerwig.
Aqui se faz a apologia
do romance de Louisa May Alcott (1868), tantas vezes preterido, por
delicodoce, às grandes sagas americanas agrestes e violentas.
Aqui se faz a reverência sem submissão às diversas versões
cinematográficas através de um belo conjunto de actrizes, liderado por uma
luminosa Saoirse Ronan, em modo rápido e deslumbrante, servido por um guarda-roupa que
rodopia, pela luz dourada ou sombria caindo sobre mansões, paisagens e
ambientes, que sublinham mas protelam a época da Guerra da Secessão. A direcção
da fotografia é de Yorick Le Saux.
Este é um filme divertido, terno e comovente, cruzado
permanentemente pela alteração lógica dos tempos narrativos, embrulhado na música
do hiperactivo Alexandre Desplat e por uma ostensiva vontade de mostrar como ainda
é importante, hoje em dia, a luta pelo amor e o sentimento, pela independência profissional e afectiva da mulher, pela educação popular, pela igualdade racial.
Um excelente filme à antiga. Alegre, inteligente
e empenhado. E sem uma gota de sangue ou demais humores!
jef, janeiro 2020
«Mulherzinhas» (Little Women) de Greta Gerwig. Com Saoirse
Ronan, Emma Watson, Timothée Chalamet, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura
Dern, James Norton, Meryl Streep, Louis Garrel, Chris Cooper, Bob Odenkirk. Argumento: Greta Gerwig
(a partir de um romance de Louisa May Alcott). Fotografia: Yorick Le Saux.
Música: Alexandre Desplat. EUA, 2019, Cores, 134 min.
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