A
história é muito simples. Ou quase nenhuma.
No
tédio do Verão no Sul de França, o dândi Adrien (Patrick Bauchau) resolve fazer
umas férias saudáveis de levantar cedo e fazer exercício (ligeiro). Lá em casa
está o seu amigo, o artista diletante Daniel (Daniel Pommereulle). Mas também Haydée
(Haydée Politoff), a jovem de sorriso enigmaticamente adolescente, desinibida,
libertária que entre o nada fazer (tal como os seus dois companheiros de
férias) vai colecionando namoros. Adrien resolve resistir-lhe por princípio mas
o enfado não o deixa sossegado. Nem as obras completas de Rousseau o distraem. Nem
o dourado corpo de Haydée. Esta joga a cartada do ciúme com Daniel.
Entretanto,
uma preciosíssima e antiquíssima jarra chinesa é quebrada…
Rohmer
envolve-se com o grupo de jovens artistas, «o grupo de zanzibar», alguns dos
quais vêm a participar no filme, escrevendo-lhe os diálogos e representando-os.
No fundo, questionavam o diletantismo e o aborrecimento burguês, a sedução e o
poder numa sociedade que parecia não ter saída, uma sociedade que mordia o seu
próprio rabo.
O
Maio de 68 apressava-se!
Dos
contos morais de Éric Rohmer, este é o quarto e aparece-me como o mais
inteligente e sarcástico prólogo de “Week-End» de Jean-Luc Godard.
jef,
agosto 2021
«A
Coleccionadora» (La collectionneuse) de Éric Rohmer. Com Patrick Bauchau, Haydée
Politoff, Daniel Pommereulle, Seymour Hertzberg, Mijanou, Annick Morice, Denis
Berry, Alain Joufroy. Argumento: Éric Rohmer e diálogos de
Patrick Bauchau, Haydée Politoff, Daniel Pommereulle. Produção: Georges De
Beauregard, Barbet Schroeder. Fotografia: Néstor Almendros. Música: Blossom
Toes, Giorgio Gomelsky. França, 1967, Cores, 83 min.
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