Este
talvez seja o grande filme de Paul Thomas Anderson.
Um
filme que cruza todos os ingredientes da enorme tradição americana do cinema e
da televisão. Dos maiores cenários aos mais incríveis pormenores de cenografia
e de adereços; da magnífica composição do guarda-roupa e da estratégia musical;
do fluir imparável de episódios sucessivos que vão unindo as histórias das personagens
numa incrível cadência (quase televisiva); dessa unidade final na gestão
perfeita entre a tragédia e a comédia que está sempre a dar a volta ao
espectador para que este se emocione e acredite no desfecho contrário ao da sua
premonição.
Principalmente,
a dádiva que Paul Thomas Anderson entrega a um conjunto de
actores maravilhosos que demonstram a ternurenta familiaridade entre si, a história
e a câmara.
1977.
Califórnia, Vale de San Fernando, capital da produção cinematográfica da pornografia
ocidental. Um mundo onde o uso de película exige recursos produtivos e
contenção na sua utilização irrepetível. Tudo gira na alegre perfeição entre
produtores, realizadores, aderecistas, fotógrafos, anotadores e actores.
E
eis que uma noite, no clube gerido por Maurice (Luis Guzmán) e onde trabalha
sobre rodas a Rollergirl (Heather Graham), o realizador Jack Horner (Burt
Reynolds) topa com o potencial de um discreto lavador de prato que se tornará
uma vedeta fundamental no mundo da pornografia de acção (e com enredo
policial): Dirk Diggler / Eddie Adams (Mark Wahlberg). Este tornar-se-á um
protegido da fabulosa e maternal Amber Waves (Julianne Moore). Imprescindíveis
também são os actores Reed Rothchild (John C. Reilly) e Buck Swope (Don Cheadle)
que teima em vestir-se à antiquada Nashville, também o fotógrafo
Little Bill (William H. Macy) que (quase) se assume como cornudo ou o anotador Scotty
J. (Philip Seymour Hoffman) que vive embeiçado pelo galã Dirk Diggler.
Entre
a cocaína, o álcool, a depressão provocada pela chegada do vídeo (video kills de porno movie stars) e a
idade que avança inexorável. Porém, uma família é o fundamento da protecção e da segurança
e é nela que tudo se concluirá.
Apenas
isto. E é tudo. Um filme inesquecível!
jef,
janeiro 2022
«Jogos
de Prazer» (Boogie Nights) de Paul Thomas Anderson. Com Mark Wahlberg, Burt
Reynolds, Julianne Moore, Luis Guzmán, John C. Reilly, Nicole Ari Parker, Don
Cheadle, Heather Graham, William H. Macy, Joanna Gleason, Lawrence Hudd, Philip
Seymour Hoffman, Ricky Jay, Nina Hartley, Alfred Molina, Rico Bueno, Laurel
Holloman, Stanley DeSantis. Argumento e Produção: Paul Thomas Anderson.
Fotografia: Robert Elswit. Música: Michael Penn. Guarda-roupa: Mark Bridges.
EUA, 1997, Cores, 155 min.
Sem comentários:
Enviar um comentário