terça-feira, 8 de agosto de 2017

Sobre os discos «Wallflower» (2015) e «Turn Up The Quiet» (2017) de Diana Krall, Verve.













Distante vai o tempo de «Stepping Out». Era o ano de 1993 e o produtor, Jim West. (Ou talvez não irá assim tão distante…)
Longe também a incursão da cantora nos movediços terrenos na bossa nova. Para a cantar só poucos. Muito poucos o conseguem sem atingir aquele tropicalismo vão-de-escada-desesperado / fundo-de-hotel-meloso. Afinal, Diana Krall foi atrás da moda e tropeçou.
Depois veio Elvis Costello.
Depois fui-lhe perdendo o rasto na certeza de que ela se perdia por plateias platinadas, decotes sexagenários, sandálias douradas a condizer com os botões e o pink martini a tilintar na azeitona ou o ginger dry gin a refrescar as noites sem destino. A cabeça a dar-a-dar acompanhando a perna traçada.
Estou a ser mau… (Ou talvez não tanto assim…)
Depois veio Wallflower e eu torci logo o nariz à capa. Fui ver ao dicionário. «Wallflower: pessoa tímida, introvertida, anti-social; planta ruderal que cresce de encontro aos muros ou nos interstícios das paredes.» A medo, comprei-o. Tinha lá dentro duas canções da minha vida. «Alone Again (Naturally)» de Gilbert O'Sullivan e «Sorry Seems to Be the Hardest Word» de Elton John e Bernard Taupin. Não quis gostar do disco mas ele, à segunda rodada, derrotou-me. A tristeza e a memória fizeram o trabalho escavando na alma. Não resisti a tamanha capacidade de realçar a popularidade das composições revelando-lhes todos os genes emocionais sem as transformar com pirosos e inapropriados volteios jazzísticos. Por traz está o produtor David Foster, aturado trabalhador de tudo quanto é Grammy.
Dois anos mais tarde chega «Turn Up The Quiet». 11 standards re-re-regravados ad aeternum ad infinitum. «Night and Day» de Cole Porter ou «Like Someone in Love» de Johnny Burke e James Van Heusen. De novo o softjazz (ou talvez não tanto…). Para mim, o disco teria tudo para correr mal. Mas não correu. De volta à produção de Tommy LiPuma (e da própria cantora) são faixas que vibram na extraordinária base musical reinventando esse álbum único «All For You» de tributo ao trio de Nat King Cole (Impulse!, 1995). Reencontrada a simplicidade, a delicadeza, o respeito e o swing. Ufa!
Quem souber ouvir o que é uma gravação de qualidade que se dedique a separar a estrutura das orquestrações e arranjos sem perder o deleite de um belo álbum de Verão. [John Clapton Jr. Ou Christian McBride –  contrabaixo, Jeff Hamilton – percussão, Antony Wilson ou Marc Ribot – guitarra (…), fazem toda a diferença.]
Só as melhores canções são repetíveis. Logo, basta colocar em modo o disco em modo «repeat» e aumentar o volume da aparelhagem!


jef, abril 2017

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