Distante vai o tempo de «Stepping Out». Era o ano de 1993 e o
produtor, Jim West. (Ou talvez não irá assim tão distante…)
Longe também a incursão da cantora nos movediços terrenos na
bossa nova. Para a cantar só poucos. Muito poucos o conseguem sem atingir
aquele tropicalismo vão-de-escada-desesperado / fundo-de-hotel-meloso. Afinal, Diana
Krall foi atrás da moda e tropeçou.
Depois veio Elvis Costello.
Depois fui-lhe perdendo o rasto na certeza de que ela se
perdia por plateias platinadas, decotes sexagenários, sandálias douradas a
condizer com os botões e o pink martini a tilintar na azeitona ou o ginger dry
gin a refrescar as noites sem destino. A cabeça a dar-a-dar acompanhando a
perna traçada.
Estou a ser mau… (Ou talvez não tanto assim…)
Depois veio Wallflower e eu torci logo o nariz à capa. Fui
ver ao dicionário. «Wallflower: pessoa tímida, introvertida, anti-social; planta ruderal que cresce de
encontro aos muros ou nos interstícios das paredes.» A medo, comprei-o. Tinha lá dentro duas canções da minha vida. «Alone Again (Naturally)» de Gilbert
O'Sullivan e «Sorry Seems to Be the Hardest Word» de Elton John e Bernard
Taupin. Não quis gostar
do disco mas ele, à segunda rodada, derrotou-me. A tristeza e a memória fizeram
o trabalho escavando na alma. Não resisti a tamanha capacidade de realçar a popularidade
das composições revelando-lhes todos os genes emocionais sem as transformar com
pirosos e inapropriados volteios jazzísticos. Por traz está o produtor David
Foster, aturado trabalhador de tudo quanto é Grammy.
Dois anos mais tarde chega «Turn Up The Quiet». 11
standards re-re-regravados ad aeternum ad
infinitum. «Night and Day» de Cole Porter ou «Like Someone in Love» de
Johnny Burke e James Van Heusen. De novo o softjazz (ou talvez não tanto…). Para mim, o disco teria
tudo para correr mal. Mas não correu. De volta à produção de Tommy LiPuma (e da
própria cantora) são faixas que vibram na extraordinária base musical reinventando
esse álbum único «All For You» de tributo ao trio de Nat King Cole (Impulse!,
1995). Reencontrada a simplicidade, a delicadeza, o respeito e o swing. Ufa!
Quem souber ouvir o que é uma gravação de qualidade que se
dedique a separar a estrutura das orquestrações e arranjos sem perder o deleite
de um belo álbum de Verão. [John Clapton Jr. Ou Christian McBride – contrabaixo, Jeff Hamilton – percussão,
Antony Wilson ou Marc Ribot – guitarra (…), fazem toda a diferença.]
Só as melhores canções são repetíveis. Logo, basta colocar em
modo o disco em modo «repeat» e aumentar o volume da aparelhagem!
jef, abril 2017
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