Este
filme é uma comédia desagradável sobre loosers, desamparados, desequilibrados.
Humor sisudo, cáustico, a pontuar os momentos de tragédia comum a tantos
norte-americanos, comuns aos nossos semelhantes. Porém, não deixa de ser
desagradável, quase indesejável lançar, de modo aberto, quase desabrido, o
humor negro sobre histórias falhadas. Talvez seja uma questão pessoal, mas constrange
o gosto que eu tenho pelo cinema…
Contudo,
é o universo permanente de Todd Solondz após «Hapiness» (1998), o seu filme
consistente. Um grande filme sobre falhados. Depois, a fórmula esmoreceu, perdeu o fulgor. Tornou-se, simplesmente, desagradável.
E
o povo americano continua a ser um grande povo apesar de ter eleito
democraticamente Donald Trump (que aguarda com ansiedade a derrota final e a
destituição através da intricada teia de senados e senadores… assim o espero…).
Talvez Trump venha a ser, ele próprio, um falhado à Todd Solondz.
Ficaria bem a passear um cãozinho salsicha vestido de menina, a única
personagem simpática do filme.
A
América sempre possuiu a melhor autocrítica cinematográfica. Não precisa de
lições!
Claro
que eu fui ver o filme pela Julie Delpy. Magnífica! E depois por Danny DeVito e
as excelentes Greta Gerwig e Ellen Burstyn. Grandes actores que
brilham sobre a ausência de futuro e o mundo desagradável de um realizador que
amodorrou dentro do próprio léxico.
Mas
atenção: o filme tem intervalo para pipocas e coca-cola e até para respirar um
pouco e ouvir a boa canção ao estilo western: «The Ballad of Wiener-Dog» (Eric
William Morris e Marc Shaiman). Um
cão-cowboy. Afinal, nem tudo é sarcasmo serôdio.
jef,
agosto 2017
«Uma Vida de Cão» (Wiener-Dog) de Todd
Solondz. Com Greta
Gerwig, Keaton Nigel Cooke, Ellen Burstyn,Tracy Letts, Julie Delpy, Danny
DeVito, Kieran Culkin, Zosia Mamet, Danny DeVito.
EUA, 2016, Cores, 88 min.
Ok. Será desta que eu vou ao cinema?
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