quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Pinheiro manso










Pinheiro manso

Busca no silêncio a fagulha do movimento.
É o que resta.
É, por sinal, o bastante.
O sinal é tudo.
Esse chão firme mesmo na ausência.
A árvore curva pelo peso do baloiço que retiraram.
O Verão findo.
A sesta recusada.
A praia distante.
Um pequeno ruído por baixo da cama que não se ouve.
O nó da madeira incrédulo.
A resina seca. A caruma extinta. A formiga escondida.
A manta morta.
O ramo que tomba
na palma da mão
no cabelo que se solta
no pinhão que germina
na memória que desperta
eternamente no centro de mim
como dupla folha pontiaguda
determinando
o silencioso símbolo do movimento em falso
afastado e perene.
O sinal que é exactamente o que representa.
A minha Mãe.

jef, 2 de agosto de 2017

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