Wenceslau de Moraes foi oficial da marinha, diplomata,
escritor, jornalista, amante de Portugal e cultor do Japão. Ou vice-versa. E em
simultâneo. Nasceu em Lisboa, em 1854, e viveu os últimos 16 anos numa pequena
cidade japonesa, Tokushima, onde morreu, em 1929, perto do jardim que cultivou
com a alma de japonês mas também como português que, entusiasta, coloca sempre
o coração como garantia da frescura do seu quintal.
Wenceslau de Moraes gostava do Jardim Botânico de Lisboa,
como refere Pedro Barreiros na introdução. Aí se refrescava, aí, porventura,
admirava as plantas que foi encontrar nos bosques e jardins do seu Japão.
Plantas que ainda hoje estão presentes num dos mais belos e
históricos jardins de Lisboa. Mais de 60 espécies botânicas preservadas e
ilustradas agora neste belíssimo guia. Fichas bilingues, compostas por texto
descritivo da morfologia da espécie; pelas gravuras, estampas ou desenhos do
arquivo do Museu Botânico e ainda pela sensibilidade dos textos de Wenceslau:
«Na impressão que recebemos da floresta, quando nos
avizinhamos do seu mistério, dá-se uma mistura de humildade e orgulho, difícil
de traduzir pela palavra.»
No final do livro um mapa traz-nos a localização das plantas
pelas áleas do jardim. Mais fácil assim se torna o encanto de as procurar naquele
espaço.
Quem não se terá cruzado, perdida por alguma rua de Lisboa,
com a Melia azedarach L., de flores
delicadas em cachos e folhas compostas, a que lá pelo Sol Nascente recebe o nome de
Sendan?
As plantas assim acarinhadas tranquilizam e seduzem… E esta é
a melhor forma de trazer de volta ao nosso dia-a-dia o alegre entusiasmo, a vocação
científica e o vigor da divulgação e lazer botânicos, de quem ali tanto trabalhou e
também amou aquele jardim – Alexandra
Escudeiro.
[Associação Wenceslau de Moraes, telefone: 964946112]
jef, novembro 2018
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