Ordem Galliformes, Família Phasianidae
Quem
não conhece a perdiz, exímia caminhante, trilhando em bando veredas entre
searas, pomares ou bosques? Ave robusta mas fina que se mostra aos nossos olhos
e nos olha, logo se esquivando, colina abaixo, todo o grupo, em voo planado, de
envergadura arqueada. Avistamo-la antes de a perdermos entre urzes ou
carrascos, tendo ouvido antes o seu canto de chamamento, um certo gargarejo
rouco e cacarejado.
Patas,
bico e olhos pintados de vermelho, as faces e a gola branca estão debruadas a
negro, assim mosqueada a zona superior do peito que se colora de cinzento e de
bronze. Os machos são mais volumosos, tarsos mais altos e esporões mais
visíveis. As fêmeas mais discretas trazem a prol ligeira e atenta ao alimento, pequenas
sementes, artrópodes e larvas, que esgaravatam no chão. Mais tarde, adultos,
passarão quase exclusivamente a alimentar-se da mais variada dieta de vegetais,
grãos, rebentos e pequenas bagas.
Mas
se nos habituamos a vê-las a atravessarem-nos o caminho, nesses bandos gregários
e familiares, é pela simples razão de que mais nós passeamos no Verão ou Outono,
a época em que as aves se reúnem, pois lá para Dezembro isolam-se, tornam-se
ainda mais discretas e começam a formar casais. Em Março começam as primeiras
posturas em ninhos térreos entre restolho e arbustos e em Julho, pelo Sul de
Portugal, ainda poderão estar no seu ninho a incumbar um número considerável de
ovos que a média perfaz 12 ou 13.
É,
certamente pela sua fertilidade, facilidade de perseguição, ou pelos seus 500g
de carne suculenta, que esta ave de porte gracioso é a ave cinegética mais
procurada em Portugal, tendo sido alvo de antiquíssimas campanhas de protecção,
como por exemplo em decreto de D.João I, em 1396, que proibia a sua caça em
coutadas de determinadas regiões do País. Muito mais recentemente e com o
desenvolvimento das zonas de caça a perdiz-vermelha tem sofrido repovoamentos
sistemáticos, por vezes adulterando a estrutura e a genética das populações
autóctones.
jef,
fevereiro 2019
Sem comentários:
Enviar um comentário