sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Sobre a exposição «Candido Portinari em Portugal» Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, até 3 de Março de 2019




















A.
Quando o Pavilhão do Brasil na Exposição do Mundo Português, em 1940, recebeu a obra «Café» de Candido Portinari foi olhada por milhares de portugueses que iam passear e divertir-se à feira. Portinari pintava ou (ilustrava) o trabalho de quem trabalhava nos campos de café, usando essa técnica muito dele de misturar o realismo, o naturalismo, até essa forma quase cubista de ampliar de modo extravagante e bela os músculos dos trabalhadores povo, escondendo-lhes o olhar sob o peso da safra. «Café» foi considerada um verdadeiro cavalo de Tróia que entrava no coração do maior evento de propaganda do regime. Estava a Europa em guerra e parte da beira-rio de Lisboa havia sido arrasada para ali se edificar aquela exposição mundial.

B.
É com comovente ternura e excitação que, em 1946, Mário Dionísio recebe a notícia que Portinari, a caminho de Itália, deseja vir conhecer o pintor e escritor português. Mário Dionísio havia tomado conhecimento da existência do pintor brasileiro através das imagens impressas numa folha de jornal que, um dia de ventania invernosa, se lhe tinha vindo enrodilhar nas pernas. A amizade perdurou e o escritor português realizou um importante trabalho sobre Portinari, publicado 20 anos depois.

C.
Ferreira de Castro em 1955 escreve a Portinari para que ele ilustre uma edição de luxo comemorativa da edição do romance «A Selva». O pintor deixou para trás outras encomendas e lançou-se ao trabalho magnífico sobre a obra maior de Ferreira de Castro.

D.
Tudo isto está inscrito nas salas do Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira, até 3 de Março de 2019. Com clareza, inteligência e uma enorme sensibilidade expositiva, quase carinho.

... e a tela «Café» está ali exposta, vinda do Museu de Belas-Artes do Rio de Janeiro…

… e eu relembro como os meus pais falavam com admiração de Portinari, me deram a ler «A Selva» e eu, mais tarde, por influência da minha mãe, adquiri a obra «A Paleta e o Mundo» de Mário Dionísio… Artistas muito cá da casa!

jef, fevereiro 2019

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